Aborrecimento é...
Você é um repórter e precisa fazer uma entrevista em Espanhol com um funcionário público chileno. O telefone que te passaram está errado. A cidade de Liucura (Você quis dizer loucura. Não se mete, Google. Caralho!!) não está com o DDD correto. Se é que Liucura é uma cidade. Se é que eles chamam aquilo de DDD.
O site da Telefonica não dispõe de todas as cidades.
Então, você pega o telefone e, com muito, muito medo, disca 1, 0 e 2. Uma senhora simpática fala com você, mas não te responde. O ouvido eletrônico só está disponível quando ela pára de falar.
"Diga Outras informações DDD ou DDI." E você diz "Outras informações DDD ou DDI."
"Diga o nome da cidade." Vem a primeira dúvida. Você pensa: "a cidade que eu estou ou a cidade que eu quero o ddd?" e fala "São Paulo."
Aí, a estúpida fala, duas vezes, "O DDD de São Paulo é. Onze. Agradecemos a sua ligação. Para outras informações, ligue 103" Sinal de ocupado.
Já que você chegou neste ponto, não custa tentar. Tira o tel do gancho e 1,0 e 3.
"Disque 1,0,3 mais o código da operadora que você deseja consultar." Sinal de ocupado. Aí você se pergunta quem pode ter um desejo tão esdrúxulo como este?
O telefone sai do gancho pela terceira vez. Com uma certa energia, a ponto de as pontas dos dedos esbranquiçarem a cada pressão nos 1, 0, 3, 1 e 5.
"Digite 1 se você é assinante ou 2 se você não possui linha." Você não é assinante. "Digite 1 para pedir sua linha, 2 para pedir orelhão, 3 para conserto de orelhão." A boca profere palavrões, sem serem chamados, como o pum de um bebê.
Os dedos já entortam e o que era apenas um esbranquiçamento se torna uma gangrena. Agora eu vou no dois. "Digite o número do telefone a ser consultado, com o DDD." E você digita o número da redação. "Digite o CPF do assinante." Você não é assinante. Não sabe o CPF do seu chefe e nem quer saber. 0***###55500###. Pausa. Longa pausa.
"Número inválido. Desculpe, não podemos ajudar." Sinal de ocupado.
Você já está puto da vida. 1, 0 e 2. Agora com um corte e um fratura na falange do indicador.
"Seja bem-vindo. Diga telefone comercial, telefone residencial ou outras informações."
Você só quer falar com alguém. As máquinas não sabem onde fica Liucura, não sabem como procurar o DDD de Liucura, nem sabem que Liucura é uma cidade. O melhor a fazer é não se deixar entender por essa máquina idiota. Diga qualquer coisa. De preferência que não faça sentido. O melhor é falar o nome daquela cidade de 58 letras do País de Gales.
"Desculpe. Não entendi. Diga telefone comercial, telefone residencial ou outras informações."
Você balbucia mais alguma coisa, tipo "caralhosefodapiçanabucetadoseucu", o maior palavrão do mundo, que vocÊ aprendeu quando tinha doze anos.
"Aguarde um minuto. Estamos transferindo a sua ligação para um de nossos atendentes." A linha cai.
O site da Telefonica não dispõe de todas as cidades.
Então, você pega o telefone e, com muito, muito medo, disca 1, 0 e 2. Uma senhora simpática fala com você, mas não te responde. O ouvido eletrônico só está disponível quando ela pára de falar.
"Diga Outras informações DDD ou DDI." E você diz "Outras informações DDD ou DDI."
"Diga o nome da cidade." Vem a primeira dúvida. Você pensa: "a cidade que eu estou ou a cidade que eu quero o ddd?" e fala "São Paulo."
Aí, a estúpida fala, duas vezes, "O DDD de São Paulo é. Onze. Agradecemos a sua ligação. Para outras informações, ligue 103" Sinal de ocupado.
Já que você chegou neste ponto, não custa tentar. Tira o tel do gancho e 1,0 e 3.
"Disque 1,0,3 mais o código da operadora que você deseja consultar." Sinal de ocupado. Aí você se pergunta quem pode ter um desejo tão esdrúxulo como este?
O telefone sai do gancho pela terceira vez. Com uma certa energia, a ponto de as pontas dos dedos esbranquiçarem a cada pressão nos 1, 0, 3, 1 e 5.
"Digite 1 se você é assinante ou 2 se você não possui linha." Você não é assinante. "Digite 1 para pedir sua linha, 2 para pedir orelhão, 3 para conserto de orelhão." A boca profere palavrões, sem serem chamados, como o pum de um bebê.
Os dedos já entortam e o que era apenas um esbranquiçamento se torna uma gangrena. Agora eu vou no dois. "Digite o número do telefone a ser consultado, com o DDD." E você digita o número da redação. "Digite o CPF do assinante." Você não é assinante. Não sabe o CPF do seu chefe e nem quer saber. 0***###55500###. Pausa. Longa pausa.
"Número inválido. Desculpe, não podemos ajudar." Sinal de ocupado.
Você já está puto da vida. 1, 0 e 2. Agora com um corte e um fratura na falange do indicador.
"Seja bem-vindo. Diga telefone comercial, telefone residencial ou outras informações."
Você só quer falar com alguém. As máquinas não sabem onde fica Liucura, não sabem como procurar o DDD de Liucura, nem sabem que Liucura é uma cidade. O melhor a fazer é não se deixar entender por essa máquina idiota. Diga qualquer coisa. De preferência que não faça sentido. O melhor é falar o nome daquela cidade de 58 letras do País de Gales.
"Desculpe. Não entendi. Diga telefone comercial, telefone residencial ou outras informações."
Você balbucia mais alguma coisa, tipo "caralhosefodapiçanabucetadoseucu", o maior palavrão do mundo, que vocÊ aprendeu quando tinha doze anos.
"Aguarde um minuto. Estamos transferindo a sua ligação para um de nossos atendentes." A linha cai.
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