Fe demais nao cheira bem

Em seu novo filme, Superman é obviamente JC, o Salvador, nosso conhecido de 2000 anos.
Mas eu não vou ficar aqui criticando o filme por ser porta-voz dessa nova onda ultra-cristã americana. Mesmo porque teria a mesma importancia que falar da nova onda ultra muçulmana do afeganistão. Elas sempre tiveram aí. Só que agora ficaram de mal (hum..chato, feio, bobo!)

Muita gente confunde fé em tudo com nenhuma fé. Nós que não abraçamos nenhuma religião, somos homens de muitas fés. Céu azul com um portão e um velho barbado com uma chave na mão? Por quê não? Ônibus e tecnologias inimagináveis utilizadas por espíritos? Pode ser. Mil virgens esperando por você com um carro do ano? Tomara!
Pois é, a gente não descarta nada. Vai saber?
Não tenho preferência por nenhuma religião. E nem por nenhuma crença, misticismo, energias, gnomos...
Mas se tem um profeta batuta nessa onda toda é JC. Acho que é por isso que eu não encrenquei com o Superman. Não estou defendendo aqui o cristianismo, sim a figura do seu profeta. JC é meio hipponga, meio zabelê. Não tem aquele mau humor do Maomé. Nem a austeridade do Abraão. Jesus é "All you need is love".
Tá legal, teve o lance do Templo etc. Mas isso o deixa mais humano, o que é melhor. Porque não tem coisa pior que aquele papo do Jesus bonzinho, santo. Além do que, esses evangelhos que a igreja usa são meio duvidosos. O Jesus que eu gosto tá mais pros apócrifos. O meu Jesus peida. É de verdade.
Mas pouco me importa a verdade. É a verdade que me afasta das religiões. A verdade não existe e a prepotência de se achar dono da verdade é que causa a cizânia entre elas (não leu Asterix? Vai procurar no dicionário).
E assim chegamos à ciência. Cientistas são prepotentes. A ciência não. É a única sabedoria que admite erros. E eu não estou falando só da ciencia ocidental. A ciência não aceita preconceitos, pois eles são a negação da dúvida. Mas ao mesmo tempo trabalha com conceitos pré concebidos por ela mesma. A ciência é bacana porque tá sempre se questionando para se mover. A dúvida na ciência não paralisa. Ao contrário, é o motor que a mantém viva.
Mas ela não descarta a fé. Pra ciencia tudo pode ser... ou não.
Por isso, fé e ciência têm que se comunicar mas não se confundir como tem acontecido muito. Religiões e crenças pseudo-cientificas. Remédios milagrosos (o fim da obesidade, da tristeza) receitados pelo seu médico, o porta-voz da ciencia na cabeça do afegão médio.
As pessoas têm dificuldades com analogias. As pessoas querem verdades. A ciencia não oferece verdade. A religião sim. Mas as verdades religosas têm sutilezas que as massas não captam. E, na fé, são as sutilezas que importam, não os fatos.
Pegue Mel Gibson. A visão dele do calvário é fiel a alguns evangelhos. Mas o que é mais importante: o quanto Jesus apanhou ou porque ele tomou tanta porrada? "E foi tudo culpa dos judeus!!!", grita Gibson.
E assim, entre tolerâncias zero e intolerâncias 100, a gente vai vivendo.

E o Superman, lá de cima assobia meio distraído "And I think to myself/ What a wonderful world".