Enfim, a cultura acessível!
Ainda tem uns mal-humorados que ficam criticando o governo por qualquer motivo! Ao invés de elogiar as coisas positivas que o estado faz pela Cultura esse povo se comporta como se fosse impossível o poder público produzir algo de útil. Esta semana, enquanto mastigava um minas na chapa, ali na Letícia da Heitor Penteado, eu finalmente encontrei a prova que me faltava para calar de uma vez a boca destes detratores profissionais. A supra-citada prova veio na forma de uma publicação da Secretaria Municipal da Cultura (que existe sim, afinal nós temos cultura municipal, estadual, federal e o cacete a quatro!) denominada EM CARTAZ.
A publicação informa sobre o panorama geral dos espetáculos na cidade, cobrindo cinema, teatro, circo, porrinha e outras atividades culturais. O número que estava lendo (n.8 – dezembro/07) incluia, entre outras pérolas, informação sobre uma programação do Centro Cultural da Juventude – Zona Norte, denominada “No divã com Woody Allen”. Apostando que a ignorância dos leitores sobre este obscuro cineasta poderia resultar em baixa audiência, o jornalista decidiu não apenas listar os filmes programados mas também incluir uma pequena sinopse, com resultados espetaculares.
Ele começa com O Dorminhoco (peço desde já perdão pelos títulos em português), que é descrito assim: “Depois de passar dois séculos em uma câmara de congelamento, um homem é trazido à vida por militantes contrários ao poder instaurado em seu país (não, nenhuma conexão com Aldo Rebêlo). O fato desperta no dorminhoco a imensa curiosidade de descobrir quais transformações ocorreram no mundo na sua ausência”.
Talvez preocupado em não estragar o prazer de ninguém descrevendo o filme com tamanha riqueza de detalhes, ou simplesmente exercitando seu enorme poder de síntese, o autor continua com outros filmes:
· Noivo neurótico, noiva nervosa: Humorista judeu cheio deproblemas se apaixona por uma cantor iniciante.
· Zelig: Leonard Zelig é um artista que imita as pessoas ao seu redor. Decide, então, fazer um tratamento para se livrar desta personalidade camaleônica.
· Hannah e suas irmãs: Um homem mantém relacionamento com a cunhada, gerando conflitos familiares.
· Ponto Final: ex-tenista se apaixona pela namorada do melhor amigo
Pronto! Estão vendo como um profissional da informação vai direto ao ponto, sem frescuras estilísticas e outras firulas que são, definitivamente, coisa de viado? Não dá uma tremenda vontade de assistir?
Enfim uma publicação cultural que não fica mostrando uma pedra colocada num prato (ou qualquer outra coisa sem sentido) e comentando: “e comovente como o artista desnuda suas angústias pela contraposição do ser ante a vacuidade do não ser” (ou qualquer outra coisa sem sentido). Não sei vocês, mas eu estou esperando por uma retrospectiva do Ingmar Bergman para ler os resumos. Quem sabe aí eu entendo alguma coisa!
A publicação informa sobre o panorama geral dos espetáculos na cidade, cobrindo cinema, teatro, circo, porrinha e outras atividades culturais. O número que estava lendo (n.8 – dezembro/07) incluia, entre outras pérolas, informação sobre uma programação do Centro Cultural da Juventude – Zona Norte, denominada “No divã com Woody Allen”. Apostando que a ignorância dos leitores sobre este obscuro cineasta poderia resultar em baixa audiência, o jornalista decidiu não apenas listar os filmes programados mas também incluir uma pequena sinopse, com resultados espetaculares.
Ele começa com O Dorminhoco (peço desde já perdão pelos títulos em português), que é descrito assim: “Depois de passar dois séculos em uma câmara de congelamento, um homem é trazido à vida por militantes contrários ao poder instaurado em seu país (não, nenhuma conexão com Aldo Rebêlo). O fato desperta no dorminhoco a imensa curiosidade de descobrir quais transformações ocorreram no mundo na sua ausência”.
Talvez preocupado em não estragar o prazer de ninguém descrevendo o filme com tamanha riqueza de detalhes, ou simplesmente exercitando seu enorme poder de síntese, o autor continua com outros filmes:
· Noivo neurótico, noiva nervosa: Humorista judeu cheio deproblemas se apaixona por uma cantor iniciante.
· Zelig: Leonard Zelig é um artista que imita as pessoas ao seu redor. Decide, então, fazer um tratamento para se livrar desta personalidade camaleônica.
· Hannah e suas irmãs: Um homem mantém relacionamento com a cunhada, gerando conflitos familiares.
· Ponto Final: ex-tenista se apaixona pela namorada do melhor amigo
Pronto! Estão vendo como um profissional da informação vai direto ao ponto, sem frescuras estilísticas e outras firulas que são, definitivamente, coisa de viado? Não dá uma tremenda vontade de assistir?
Enfim uma publicação cultural que não fica mostrando uma pedra colocada num prato (ou qualquer outra coisa sem sentido) e comentando: “e comovente como o artista desnuda suas angústias pela contraposição do ser ante a vacuidade do não ser” (ou qualquer outra coisa sem sentido). Não sei vocês, mas eu estou esperando por uma retrospectiva do Ingmar Bergman para ler os resumos. Quem sabe aí eu entendo alguma coisa!
2 Comments:
Este comentário foi removido pelo autor.
Mais algumas descrições minimalistas para os argumentos dos filmes de Woody Allen:
PODEROSA AFRODITE
Cronista esportivo que adota uma criança quer encontrar sua mãe biológica.
TODOS DIZEM EU TE AMO
Mulher casada pela segunda vez se envolve em confusões com seu primeiro marido.
MISTERIOSO ASSASSINATO EM MANHATTAN
Casal investiga vizinho, que pode ser um perigoso assassino.
DESCONSTRUINDO HARRY
Escritor tem sua vida dissecada por pessoas com quem conviveu.
POUCAS E BOAS
Documentário sobre a vida e obra de um guitarrista de jazz fictício.
HOLLYWOOD ENDING
Diretor de cinema fica cego e tenta enganar o produtor de seu filme.
ANYTHING GOES
Jovem em crise no casamento segue os conselhos de um sessentão neurótico.
SCOOP
Mágico incompetente e jornalista burra investigam uma série de assassinatos.
SMALL TIME CROOKS
Ladrão incompetente vive planejando assaltos, enquanto sua mulher fica rica honestamente.
MELINDA E MELINDA
Uma mesma história, contada simultaneamente como drama e como comédia.
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