Rufus Wainwright era só aborrecimento, mas não é mais.
Apesar de não ter muita paciência com a cena gay, costumo ler o Village Voice toda semana, e nunca vou me esquecer do lobby que eles fizeram para Rufus Wainwright alguns anos atrás. Ele ainda estava preparando seu primeiro disco, e a crítica do Voice já o saudava como "The Toast of New England".
Não era para menos. O pedigree dele era espetacular. Cantor, pianista, violonista e arranjador, com formação de maestro. Mais: filho assumidamente gay do folk singer de Massachussets Loudon Wainwright III -- que por sua vez era filho de Loudon Wainwright, o colunista principal da revista LIFE nos áureos tempos -- e da cantora folk canadense Kate McCarringle, da dupla Kate & Anna McCarringle.
Pelo que li na ocasião, imaginei que Rufus fosse uma bicha bem chata e pernóstica. Até música para o garoto Tadzio -- o objeto de desejo de Offenbach em "Morte em Veneza", de Luchino Visconti (nada a ver com o de Thomas Mann) -- ele tinha feito. Quando finalmente pude ouvir seu primeiro disco, me pareceu uma mistura mal temperada de Joni Mitchell com sua mãe e sua tia. Nem sinal do humor corrosivo das canções de seu pai. Confesso que não gostei nem um pouco.
Mas, com os anos, a verve da família Wainwright comecou a vir à tona em seu trabalho, que foi ficando mais bem humorado disco após disco. Até de sua própria viadagem ele começou a zombar em suas canções. Virei fã de carteirinha da bicha. Seu pai também deve ter gostado, pois compôs uma musiquinha bem divertida para seu filho de 5 anos -- de seu enésimo casamento -- explicando a opção sexual de Rufus. O nome da canção era "Rufus is a man with tits".
E agora, Rufus ressurge com um show que é disparado o evento mais viadinho do ano. Ele reprisou na cara dura o set clássico de canções que Judy Garland cantou no Carnegie Hall e no London Palladium em seu antológico show de 1961. Pior: nos próprios Carnegie Hall e London Palladium. Pior ainda: usando um figurino idêntico ao de Judy na época. E para dar um arremate final na brincadeira, ele ainda parodiou a capa do disco clássico de Judy nos cartazes dos seus shows.
O resultado é simplesmente genial. Está dando sopa pela web. Não deixem de ouvir.
5 Comments:
Olhaí, pessoal:
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Ô, Chico, com essas dicas e com essa qualidade de texto, vais acabar transformando esse blogue em algo relevante. E, você sabe, blogue relevante é coisa de viado. Se liga, rapá...
Tens razão, Taturana Pai. Melhor parar com essa viadagem imediatamente.
Mas antes, escute o show do Rufus, que vale a pena.
Dê copy/paste no endereço lá no alto para baixar o show na íntegra.
O Manuel é tudo de bom! Como é plugado!!!
Carlinhos, não é Paulo Aurélio nem Paulo Maurício, é Paulo Marcelo, tá?
E eu gosto dele, viu?
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