quinta-feira, 20 de julho de 2006

Abaixo as Tartarugas Falantes!

Hoje, eu perdi a hora. Acho que o despertador da Telefônica despirocou, depois que eu coloquei pra despertar pela sétima vez às "Daqui à 5 minutos eu vou estar mais disposto". Tomei um banho de gato, e saí sem pentear o cabelo. Na verdade, isso eu sempre faço.
Da minha casa até o metrô, não dá 10 minutos. É só subir a rua da padaria, virar à direita na banca de jornal, seguir em frente, atravessar a Avenida do Café e andar mais uns 30 metros até a estação Conceição.
Subi ainda meio desnorteado a rua da padaria, mas quando cheguei na banca, já estava acordado. Que dia lindo! Me deu vontade de cantar:
Todo dia o sol levanta e a gente canta o sol de todo dia...
Atravessei a Avenida do Café ainda assobiando a melodia (na verdade, fiz hum, hum, hum, porque não sei assobiar direito), então dei aquela aceleradinha normal quando se está chegando em algum lugar. É o Sprint Final. Foi quando percebi que não seria assim tão fácil.
Escutei alguém falando com uma voz bem ardida em uma língua estranha na minha frente:
- Padival tacu Madinice.
Olhando pra frente, não vi nada, mas quando olhei pra baixo, lá estava ela: um bloco de carne humana com uns 2 metros e meio de raio, andando que nem tartaruga.
- Licença, minha Senhora.
- Madinice taquinem macachera.
Só me faltava essa. A criatura falava, mas era surda.
Percebi uma brecha entre ela e o poste e pensei: "Se eu passar de lado... talvez dê..."
...Não deu. Tentei ultrapassar pela rua. Foi pisar o pé fora da calçada e... Bi Biiiiiii! Fonfoooooooon! Quase que eu fico surdo. Meu coração disparou. Voltei a estaca zero.
Eis que ouço um arpejo de harpa e surge um espaço considerável entre ela e o vendedor de vale transporte e canetinhas coloridas com tampinha de bichinhos peludinhos com bico. Resolvi passar bem rápido. "1... 2... e... 3!"
No segundo seguinte, eu estava em cima da véia que sangrava no joelho e resmungava alguma coisa na sua língua incompreensível.
Senti uma dor nas costas, e só então percebi que a mesa do camelô estava em cima de mim, e a calçada toda colorida, salpicada de canetas e bilhetes de metrô. Nesses momentos, eu sempre mantenho a serenidade.
- Calma! fique tranqüila. Eu levo a senhora até um pronto-socorro. Enquanto dizia isso, pensava: "Puta que pariu, gorda do caralho!"
Ganhei uma advertência verbal bem malcriada quando cheguei no trampo. Não consegui nem sustentar a verdade e acabei botando a culpa na telefônica.
Antes, eu não gostava muito de tartarugas falantes. Agora, eu tenho nojo. NOOOOJOOOOO!!!
Podem falar. Eu não tenho coração mesmo.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Keep up the good work. thnx!
»

1:54 PM  
Anonymous Anônimo said...

Your are Excellent. And so is your site! Keep up the good work. Bookmarked.
»

11:43 PM  

Postar um comentário

<< Home