sexta-feira, 21 de julho de 2006

Dilermando. O Cheira-Livros.

Dilermando era um homem estranho. Não bebia, não fumava, não cheirava... quer dizer, pelo menos pó. Dilermando cheirava livros. E o pior é que na maioria das vezes, não os lia. Só cheirava.
Começou de maneira inocente cheirando "O Joelho Juvenal" do Ziraldo, aos cinco anos. Antes disso, ele comia livros, pra desespero de sua mãe, que passara incontáveis noites no hospital junto com Dilermando.
Com doze anos, se interessou pela literatura francesa, e aspirou toda a coleção de Alexandre Dumas.
Da mania prazerosa para o vício foi só virar a página. Dilermando, aos quatorze, chegou a cheirar todas as páginas da Trilogia de Érico Veríssimo "O Tempo e o Vento" três vezes, pois se tratava de uma trilogia, num só dia. Depois, se confundiu. Percebeu que eram sete livros, o que fez com que ele cheirasse tudo de novo mais quatro vezes.
Aos dezoito anos, resolveu se tratar quando foi preso na FNAC cheirando qualquer porcaria nas mãos dos outros clientes, incluindo os romances espíritas da família Gasparetto. Ao sair do xilindró, se internou num hospício, mas não durou muito. Fugiu desesperado levando 2 tratados de Psiquiatria e uma Bíblia.
O tempo passou, até que Dilermando se rendeu. Hoje, consciente do seu vício, mas com esperanças de cura, só cheira livros de auto-ajuda. Quem sabe...

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

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9:44 AM  
Anonymous Anônimo said...

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