quarta-feira, 29 de novembro de 2006

O Grande Truque


O polegar direito mais parece o mínimo. Comprido, fino, "soca" o lenço encardido na palma da mão esquerda cerrada. O truque é velho, mas o mágico é carismático, o que faz com que os espectadores esqueçam alguns segundos. O vermelho do semáforo pára o relógio.
Apesar da habilidade, o moleque balança os braços e quando abre a mão, revela que o lenço continua lá. Parece que o truque não dá certo. Eu olho atentamente.
O vermelho espera o casal do carro preto, que procura freneticamente pelo troco do estacionamento. Descem os vidros escuros do Corsa e da BMW. E sob o olhar de Mandrake do mágico mirim, braços se estendem pra fora dos carros com as mãos recheadas de moedas que desaparecem no lenço encardido.
Some o vermelho. Aparece o verde. E eu sigo em frente, indiferente ao número que acabo de ver, grande mágico que sou.