A Cidade e Eu (ou carta pro Armandinho)
Querido amigo,
Venho por meio dessas bem traçadas linhas (pois quem faz a diagramação não sou eu e sim o meu Word) pedir humildes desculpas.
Como você pode ver, são mais de três da manhã e ainda me encontro no trabalho.
Essas últimas quatro semanas, andei trabalhando como um mouro.
Pois, querido manduca, soube que você esteve em sampa e me procurou. Mas não recebi seus recados a tempo. No dia em que você ligou, eu estive em reuniões o dia inteiro e a coitada da mocinha que dá recados mal conseguiu falar comigo, mesmo três dias depois da sua ligação.
Armando, foi essa cidade, não o amor, que comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte. Veja só como é triste essa cidade, não deixa nem o amor fazer seu trabalho em paz. E assim eu vivo com saudade dos meus amigos, dos meus irmãos, da minha família (sabe lá o que é ficar muito tempo longe da comida da vó Neide?)
Mas o meu condomínio está em dia.
Não pense que eu estou infeliz. Essa maré de trabalho pesado faz parte do meu tipo de trabalho. Ano passado fiquei meses jogando videogueime e tomando cafezinho. Agora a correnteza trouxe uns peixinhos. É hora da pescaria. Quando a maré baixar, quem sabe a gente se vê. Enquanto isso, a gente vai se falando pelo mundo virtual.
Agora tenho que ir. Estou fazendo um djingol que fala das belezas e maravilhas de São Paulo. Não é irônico?
Você (meu pai e alguns amigos dele também) me ensinou a não levar a vida tão a sério. Mas acho que no meu sangue tem muito Terra pra pouco Cambará.
Mas um dia eu desaprendo.
Pra não acabar com viadagem: vai tomar no cú.
Abraço por trás,
Filipe
1 Comments:
Felipe, sua fotografia já está novamente no porta-retratos, toda colada com durex.
Um beijo
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