quarta-feira, 30 de maio de 2007

Oba! Mulher Pelada

Meninas no Banho: Renoir também gostava. Quem não?
Reunião seriíssima numa produtora de filmes bacaninha da Vila Madalena. Negociávamos a produção de um DVD de um artista e, às tantas, criou-se lá um impasse qualquer. Expressões graves, discussão acalorada, todos envolvidos e concentrados nos argumentos. No meio da pendenga, desviei a visão por um segundo em direção à porta entreaberta da sala de reuniões e jurei que vi passar o vulto de uma moça. Foi muito rápido, fração de segundo, mas tempo suficiente para que eu notasse que se a jovem saltitante vestia algo, era da canela pra baixo. Achei que poderia ser delírio. Reuniões maçantes fazem estragos nas minhas faculdades. Mulher pelada, pensei, aqui? Será que é a mulher do dono? Ou filha? Hummm...não, não, delírio meu, só pode... .

Enquanto tentava afastar toda sorte de sem-vergonhice que dominava minha perversa moringa, e me esforçava para voltar à reunião, aconteceu de novo. Só que dessa vez eram duas moças e não passaram tão rápido. As peladíssimas chegaram a parar em frente à porta e trocar umas palavrinhas entre elas. O cara do meu lado, sócio da produtora que naquele momento debatia inflamado, também as viu e nem sequer interrompeu o palavrório. Seguiu como se nada tivesse acontecido. Para não parecer um troglodita, esperei ele se calar e, na deixa, perguntei com o máximo de savoir-faire que me foi possível:

- Vem cá, tô delirando ou agora mesmo tinham duas peladonas bem ali na porta?

- Ah, sim,... Nós produzimos vídeos eróticos pra revista Sexy, e o estúdio é aqui na sala ao lado – respondeu o janotinha, voltando imediatamente à reunião –, mas, veja bem, se nós é que vamos bancar as locações do filme, a coisa muda de figura...

Claro que, pra mim, a reunião acabou. Pra não termos que tirar as crianças da sala, vou poupá-lo da descrição das imagens que tomaram conta da minha cachola doentia (só posso garantir que não envolviam nem animais nem anões besuntados... que eu me lembre).

Sinceramente, você acha isso certo? Assim de mulher pelada na sala do lado e nós lá, discutindo detalhes orçamentários de produção! Tive que me conter pra não tomar a atitude mais sensata: “Escuta aqui, pessoal, mulher pelada é troço muito sério. Chega dessa reunião. Todo mundo pro estúdio, já”.

Deve ser coisa de geração. De todos os presentes na sala eu era o único com mais de quarenta anos (beirando os cinqüenta). Os outros não passavam dos trinta. A impressão que tenho é de que essa garotada gastou toda a perversão vendo os programas da Xuxa. Talvez a vulgarização e o excesso de oferta de nu tenham anestesiado suas cabecinhas, sei lá. E não me venha com esse papo de que nudez é natural. Já vejo o garoto metrosexual com ar entediado dizendo: “mas mulher pelada é sempre igual”. Eu sei: dois seios, um triângulo cortado no meio e um popô. Mas quem se cansa de ver? Eu não.

Priscas eras

Mulher pelada pra molecada da minha idade era um troço tão sério que parava até final de campeonato de porrinha. Bastava alguém chegar com um “catecismo” do Carlos Zéfiro – com aqueles desenhos toscos de mulheronas safadíssimas fazendo barba, cabelo e bigode em seus sobrinhos, primos, professores e padres – e, pronto... o mundo parava. Eram tempos de exceção e, para os gorilas da censura, mulher pelada era coisa de subversivo. Assim, nada de Playboy, Sexy e publicações do gênero. Tínhamos que nos virar com as revistas semanais familiares. Manchete, Cruzeiro, Realidade, todas nos brindavam com pelo menos um lance de coxa ou um peitinho por edição. Aliás, meio peitinho. Peitão inteiro não rolava (censura de estado e interna), exceto em matérias sobre índios do Xingu e afins. Aí era a glória – ainda que as belas fotos de Jean Mazon, na maioria das vezes, revelassem apenas velhas índias com suas muxibinhas arrastando pelo chão. Era uma vida dura (sem trocadilhos, por favor), mas um bocado aventurosa. Arriscávamos reputações, amizades, carreiras futuras e até vidas por uma fresta na porta, uma fechadura, só pra dar uma espiadinha na irmã do amigo trocando de roupa. Arriscávamos, sobretudo, nossa saúde, pois, como era sabido, mulher nua levava os adolescentes inexoravelmente à debilidade mental e ao crescimento de pelos nas mãos. Mas tudo valia pra ver um lance de calcinha ou um pouco mais de coxa, inclusive rastejar debaixo da mesa de jantar pra espiar as calcinhas das amigas da mãe em chás da tarde.

Óbvio que não foi minha geração que inventou a adoração por safadeza. Os seres humanos vivem na Terra há mais de 2 milhões de anos e já naquela época mulher nua era fundamental. Tanto isso é verdade que depois de descobrir o sexo o homem gostou tanto que achou por bem transmitir o seu prazer às gerações futuras desenhando todo tipo de sacanagem em pedra. O registro mais antigo foi encontrado na Mesopotâmia e data de três mil anos antes de Cristo. Há quem diga, no entanto, que as representações sexuais que podem ser vistas nas paredes da caverna de Combabrelles, na França, foram feitas há 40 mil anos. Nem a Bíblia escapou. O Cântico dos Cânticos, do rei Salomão, escrito no ano 400 a.C., tem tanta safadeza que, desde que foi escrito, estudiosos e religiosos tentam analisar o poema metaforicamente, sem sucesso. Salomão, como eu, gostava mesmo era de mulher pelada.

Pela experiência que tive nessa reunião numa produtora de filmes bacaninha da Vila Madalena, sinto que algo se quebrou. Pelo visto, milhões de anos de cultura da sem-vergonhice viraram pó.

Por outro lado, se agora mesmo você tascar “mulher pelada” no google, surgirão 118.000 (com o título acima, 118.001) registros bem sem vergonhas. Vai lá e divirta-se, mão de urso.

8 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Espelhinho enfiado debaixo da porta do banheiro da empregada na hora do banho. Buraco de fechadura para espiar qualquer visita. Furo feito a canivete na mesa da professora ( aquelas que tinham tampa de madeira na frente, lembram?). Ficar de pé no parapeito de janela, á noite, espiando pela fresta a vizinha a cinqüenta metros, saindo do banho. Esperar meia hora por isso. Se pendurar em varanda no oitavo andar, subir em poste, roubar, trair, por a vida em risco. Tenho muita pena de quem nunca fez nada disso para ter um vislumbre de xoxota. E tenho certeza que na hora em que se defronta com uma não pode valorizar como quem arriscou a honra e o pescoço por uma fugaz mas inesquecível olhadela.Tenho dito.

9:23 PM  
Blogger Tuca said...

Dá-lhe Luigi! Como disse o ilustre Ministro, você "tá fazendo a louvação, louvação, louvação / do que deve ser louvado, ser louvado ser louvado..."

9:45 PM  
Anonymous Anônimo said...

post machista e preconceituoso! nudez não é natural???!! e esse “seriíssima” com dois “is” é erro de digitação? duvido

3:37 PM  
Blogger Taturana Pai said...

Ô Nina, seriíssima é a tua ignorância em relação à língua portuguesa. Vê se não aborrece, criatura.

Ah, e já que és militante feminista, quando for queimar o sutiã, deixa a gente dar uma espiada nos peitinhos, vai...

4:24 PM  
Anonymous Anônimo said...

Como já disse Angela Roro: "Não ha quem não goste de um peitinho"

9:58 PM  
Blogger Daniel Galli said...

Essa história de geração é conversa fiada. Pra nós, com menos de trinta, uma xoxota é sempre uma xoxota. Duas xoxotas são sempre duas xoxotas. E jamais deixaremos de reverenciá-las, homenageá-las, admirá-las e/ou fudê-las, sejam elas brancas, pretas, ruivas ou amarelas, em maior ou menor quantidade, até o fim de nossos dias úteis. Com certeza, só tinha viado nessa reunião, o que é bom. Quanto mais viado, sobram mais xoxotas. E também tenho dito.

1:03 AM  
Blogger Daniel Galli said...

Ah, a Nina podia mandar uma foto dos peitinhos pra gente dar uma pré-espiada. Pode ser um lado de cada vez. Não vai parecer erro de postagem.

1:12 AM  
Anonymous Anônimo said...

Dois peitos é bom e eu gosto.

4:44 PM  

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