quinta-feira, 5 de abril de 2007

Devaneios de uma noite de verão

Leopoldo e Natasha eram namorados. Partilhavam daquele amor juvenil dos vinte anos, leve, bem humorado, sonhador, idealista. Tinham planos de casamento, se davam bem, juntavam dinheiro. Riam juntos, de si mesmos e do resto do mundo. Certo dia, numa lanchonete, depois de gargalharem do cacoete do garçom, ela saiu apressada. Saiu e não viu o carro. O motorista também não a viu. Ainda bem que ela atravessou a rua antes de ele passar. Mas o motoqueiro que veio depois perdeu o controle, subiu na calçada e a acertou em cheio. Faleceu três horas depois, na UTI do hospital Albert Einstein. Leopoldo ficou desolado e fez de tudo para esquecê-la.
Cética que era, Natasha mal podia acreditar que tinha ido parar no céu. Viu anjinhos, duendes, parentes falecidos, Sócrates e o Jonh Lennon. Deus não pôde recebê-la porque estava se recuperando de uma cirurgia de extração do dente do siso. “Finalmente Ele tomou juízo”, pensou ela. Depois de se esbaldar fazendo coisas que eram impossíveis quando estava viva – dar mais de 12 pulos num pula-pula, dar uma estrela seguida de um duplo twist carpado, tocar flauta transversal, lutar junto com o Jaspion contra o mal e fazer fogo rodando um galho com as mãos, como ela tinha lido que se fazia na idade da pedra – ela quis saber de Leopoldo. Descobriu que, se pensasse nele com toda a sua força, conseguia se transportar para o lugar onde ele estava, e lá foi ela. Passou os anos seguintes acompanhando a vida dele de perto e sempre o protegeu, da maneira que pôde. Assistiu o esforço que ele fez para superar sua morte, o viu melhorar de emprego, conhecer Tábata, apaixonar-se por ela e se casar. Apesar do ciúme daquela loira puta oxigenada, ela gostava de vê-lo feliz. Dez anos depois, o casamento já sofrera a habitual esfriada, Natasha notou que Tábata estava estranha e descobriu – eu até podia contar como ela descobriu, mas vamos ao que interessa – que ela arquitetava um plano para explodir um shopping! Pior, Leopoldo estaria lá! Sem saber como, Natasha conseguiu aparecer para Leopoldo e contou a ele o plano de sua esposa vilã. Os dois saíram correndo para impedir a tragédia. “Espera”, disse ele “preciso te dizer uma coisa”... silêncio... “ eu não deixei de pensar em você nenhum dia. Nunca deixei de te amar”. Apesar da irritação por ele dizer aquilo num momento absolutamente inconveniente – caralho, a mulher ia explodir o shopping, tinham que correr! – ela ficou tão feliz com a declaração de seu amado, se sentiu tão viva, que passou a ser vista pelas pessoas da rua. Chegando ao shopping, Natasha deu instruções para Leopoldo avisar a polícia e disse como deviam agir enquanto iria enfrentar Tábata. O encontro entre as rivais foi muito violento. Elas brigaram na lama e no gel de biquíni, quando a alça se rompeu e... “Sai, Leopoldo! Pára de inventar e me deixa contar a história!”. Bom, elas lutaram e Tábata, que estava vencendo a briga, já estava com o fósforo acesso se aproximando do pavio da dinamite. Nesse momento, Leopoldo chegou cercado de policiais. “Rápido, Leo, minha única chance de vencê-la é sumindo de novo! Faça alguma coisa para que eu te odeie, rápido!”. Vinte segundos depois e ele soltou um sonoro, demorado, quente e fedorento peido, e no mesmo instante ela desapareceu e impediu que Tábata explodisse o prédio.
“É, meu amigo”, disse Leopoldo a um dos policiais, “mulheres são chatas e homens são bobos...”

Nessa hora eu acordei! Alguém me ajuda a terminar essa história!

11 Comments:

Blogger Cristina Casagrande said...

HAHAHAHHAHHAHAH!!! De onde vc tira essas coisas, Nati? Me fala? Hahhahhaah!

A melhor parte:'Elas brigaram na lama e no gel de biquíni, quando a alça se rompeu e... “Sai, Leopoldo! Pára de inventar e me deixa contar a história!”.'

Um texto cinematográfico.
Um pouco nojento,vai. Mas impossível não rir!!!

2:11 PM  
Blogger Lu said...

Eu não achei nojento! Adorei e indiquei para os amigos!
=)

2:43 AM  
Anonymous Anônimo said...

Natália, a história é ótima e já está contada. Falta somente a frase de resposta do policial e... pano rápido!
Abra um concurso para a frase do (destemido? corrupto?)homem da lei.
P.S -Não sei porque enxerguei esse policial vestido commo nos filmes amrericanos dos anos 50.

10:16 AM  
Anonymous Anônimo said...

O policial o olha profundamente e diz com olhar malicioso:
- E os viados irão tomar conta do mundo.

10:19 AM  
Anonymous Anônimo said...

E o policial com ar cansado de quem já viu tudo:
- A maldita raça humana perdeu o rumo e vaga como uma barata bêbada...
Deus é grande, mas agora está mole.

10:23 AM  
Anonymous Anônimo said...

E o policial deficiente auditivo respondeu na língua dos surdo mudos:
- E aquele porra do Rabino roubou três gravatas no hospital enquanto estava internado!

10:34 AM  
Anonymous Anônimo said...

surdos mudos, surdos mudos, surdos mudos
Cadê a revisão?

10:35 AM  
Anonymous Anônimo said...

É MUITO TIO,AGORA, EU SOU DE VERDADE.

11:23 AM  
Blogger Dani said...

E antes de completar a frase, o policial foi surpreendido por uma voz que emanava do shopping:

Jamanta não morreu! Jamanta não morreu!

5:55 PM  
Blogger Thá said...

Ela acordou, olhou para o lado e viu que o Leo estava dormindo um sono tranqüilo.

Ela sorriu e voltou a dormir...

10:50 PM  
Blogger Olivia said...

a Natalia não presta

7:03 PM  

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