quarta-feira, 26 de julho de 2006

Pthirus Pubis Show

O Chato. Você conhece esse cara.
Uh lalá! Mas que coisa, hein? Ta profícuo o negócio por aqui. Acho que valeu a descompostura que levamos de 25% dos nossos leitores (mandou bem, Sandrinha!). E o template novo, hein? Bonito, elegante. Tô gostando de ver.

Andei ausente por causa de trabalho. Muito trabalho. Participei da produção de um grande show de dois dias no Sesc Pinheiros. Casa cheia nos dois dias. Um sucesso. Parabéns pra mim e pra toda a equipe. Foi-se meu cabaço como produtor. No caso, perdi o lacre numa suruba – sabe lá o que é cuidar de uma banda (bando?) de nove músicos e mais sete artistas cariocas? Mas, no final, deu tudo muito certo. E os caras mandaram um show do balacobaco.

No meio de todo esse baticum, me diverti um bocado. Mas, claro, não sem passar por algum aborrecimento. Vale o registro de um tipo faceiro que circula nesse universo artístico. Nesse evento, essa criatura se materializou num sujeito muito, mas muito chato. Daquela categoria de chato que te agarra pelo braço e cospe quando fala grudado no teu ouvido. Minto - ele não fala no teu ouvido, ele grita.

E o cara te ama. Mas ama e admira muito, embora tenha te conhecido há vinte minutos. Sabe aquela modéstia exagerada? Põe em pedestal com cedro e coroa qualquer um que tenha alguma ligação com o meio artístico (na verdade, leva guardadinho com ele a convicção de que é mais talentoso e mais artista que os artistas). Pois é, constrangedor. O cara me proporcionou inúmeros acessos de alter-vergonha (vergonha pelo outro).

Ah, o babaca também acha que tem uma importância fundamental para a música brasileira. Sem ele, o Tim Maia, o Roberto e Erasmo e a Elis não seriam ninguém. É uma criatura deslumbrada, que tem a cara abestalhada das criaturas deslumbradas. Dei vários coices no sujeito na esperança de que ele se ofendesse e vazasse. Ledo engano. É do tipo que quanto mais apanha, mais gama. Tratei-o muito mal e não consegui me livrar da peça em nenhum dia durante a produção do show. Um pesadelo.

Aí, na segunda feira, tudo terminado, recebo um telefonema do mala com a voz embargada. “Tenho três palavras pra te dizer”. Achei que depois das vassouradas que levou, seus brios finalmente tinham sido atingidos. Esperei o palavrão. Depois de um silêncio dramático, vieram as três palavras: “Obrigado, obrigado, obrigado”. Desliguei na cara dele.

5 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Meu amor, vc esqueceu de dizer que ele é manquetola e que usa a bota da vózinha d'As Bicicletas de Belleville, o que piora tudo!

5:08 PM  
Blogger Taturana Pai said...

É vero, piquininha. Mas receio que tais características podem emprestar uma aura desprotegida pra esse mala e despertar compaixão nos leitores. E isso seria letal pra mim.

5:15 PM  
Anonymous Anônimo said...

Não acredito! Um post inteirinho para mim! Estou lisonjeadíssimo, rapaz. Não sei como eu posso te agradecer. Me passa o seu endereço, que eu quero te mandar um presente!

5:41 PM  
Anonymous Anônimo said...

Ahahahahahahahahahah!!!!!!!!!

7:25 PM  
Blogger Daniel Galli said...

Eu, um "Pára-raio de Exú", como me chamam os mais íntimos, conheço bem esse tipo de ser humano, meu caro Luigi. Sei o que você deve ter sofrido. Mas existem outras espécies tão nefastas quanto essa. Pra exemplificar, eu posso citar o tipo deslumbrado pegajoso, que nunca te viu na vida, mas vê que você está carregando um instrumento musical e pega o gancho só pra aborrecer:
"Você é músico? Nossa, que lindo! Eu adoro música. Minha prima toca teclado. Ai... é tão legal, né? A gente podia... sei lá, fazer alguma coisa pra vocês se conhecerem, trocarem figurinhas. Eu sei que músico gosta de conversar com músico. Puxa, que mundo pequeno, não?"

Quando não é uma coisa, é outra coisa.

3:56 PM  

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