sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Pizza com Ketchup


Como esse blog é dedicado a aborrecimentos, falarei um pouco de um show que antecedeu o do Monstro da Musica Mundial Herbie Hancock.
Foi de um tal de Bollani. Um italianinho metido a besta que adorava fazer gracinha com o público. Minha gente, jazz é coisa séria! Além disso, quem gosta de Jazz sabe que europeu é tão bom de jazz quanto japonês é bom de samba. Então o que esse italianinho pensa que é pra ficar fazendo músicas tão sem compromisso? O Jazz é uma música que enobrece, vem da alma. É precisa algum respeito.
Logo no começo, a banda tocou uma música chata e sem sal. A platéia, por piedade, não parava de dançar e aplaudiu bastante. Na segunda ou terceira música uma surpresa: um dos solos de contra-baixo mais emocionantes que eu já ouvira até então. O músico utilizou escalas não ocidentais causando estranheza para os ouvidos menos acostumados, mas nesse momento sublime (único deste show), vieram-me lágrimas aos olhos. A sutileza do Jazz estava de volta.
Mas não demorou para o Italiano começar a falar com o público em português macarrônico. Ele explicava a letra de uma música que ele iria cantar. Daí pra frente o show foi para o buraco. As pessoas desesperadas para o termino do show, pulavam das cadeiras, dançavam, aplaudiam tudo o que ele fazia. Mas o cara não teve o menor semancol. Ao fim do Show, o púbico gritava "Mais um, mais um" obviamente para terem a oportunidade de ouvir um pouco mais do baixista. Mas o fulaninho achou que era com ele e voltou sozinho para o palco para desespero da platéia. E fez uma versão de "Trem das Onze". Claro tinha que acabar com um pagode. Ô gente insuportável esses europeus! Ainda bem que Herbie nos redimiu. O verdadeiro Jazz iria triunfar aquela noite.