quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Esse foi so pra colocar uma foto. Nunca tinha feito isso.


Eu tava puto. E não sei explicar o porquê. Muitas coisas passavam pela minha cabeça. As vozes do meu chefe, da minha filha, da minha mulher, do balconista da padaria, enfim, de todo mundo que havia falado comigo naquela semana. E ainda por cima, aquele filho da puta estava achando que era o Robert Plant, o som estava alto pra caralho, eu não tinha grana pra pagar a comanda e a cerveja estava quente. Eu queria arrumar briga. Precisava desesperadamente socar alguém. Vi um cabeludo que parecia estar gostando do show, o cutuquei três vezes com força nas costas e provoquei:
- Ô, cabeludo!
- Que foi?
- Led Zeppelin é uma merda!
- Tô ligado. Os cara são foda merrmo.
- Cê num tá entendendo. Eu tô falando que Led Zeppelin é uma merda! Os cara são uma bosta. Esse tal de Jimmy Page nem sabe o que é Rock.
- É, cada um tem seu gosto.
- Nhem, nhem, nhem, nhem. Vai dar uma de certinho, agora? É uma merda, mesmo. Led Zeppelin é uma porcaria. E não fala bem dos cara, não, velho!
- Ô, tio! deixa eu curtir o som aí.
Saí de mim:
- Tá me tirando, velho? Tá maluco? Comeu cocô? Cuzão! Féla da puta! Cabeludo do caralho!
Não me lembro de mais nada.

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Teológicas

Rodopia dervixe, rodopia. Rodopia...
Tô rodopiando...


Entretanto (uh!, sempre quis começar um texto com “entretanto”), hoje em dia tenho a impressão de que ateísmo é caipirice, filistinismo. Sei, sei, alguém aí que me conhece há de dizer: “Mas, cara, cê sempre disse que é agnóstico!”. Sou, mas não por minha vontade. Deixei-me levar pela razão e afoguei qualquer possibilidade da experiência mística. Mas a questão aqui não é metafísica. É estética. Pode reparar: os ateus são muito, mas muito cafonas. Acho que só perdem em cafonice para aquelas pessoas que dizem: "Eu não acredito num Deus, eu acredito numa coisa superior, sabe, numa energia..."

***

Há alguns anos, posso dizer que quase, quase rodopiei feito um dervixe em êxtase místico ao ouvir órgão e cantos gregorianos na Basílica Nossa Senhora da Assunção, Igreja de São Bento (não foi a Missa em Si, de Bach, tocada na Basílica de São Pedro, no Vaticano, mas quebrou um galhão). Encantado, saí do templo e fui direto ao Café Girondino, do outro lado do Largo do São Bento, saborear a experiência mística entre pasteizinhos, chopes, amiguinhas e amiguinhos. Lá pela décima caldereta, já totalmente confiado aos prazeres da carne, proferi tal qual Santo Agostinho em meio à orgia: AGORA NÃO, SENHOR!

***

E cá estou, amargando, ainda, a paz da minha descrença...

sábado, 23 de setembro de 2006

Por mais paradoxal que possa parecer

Eu sei que este não é um post muito convidativo, mas eu mereço um desconto, já que estou saindo de uma depressão.
Acabei de assistir pela enésima vez ao filme "Melhor Impossível", com Jack Nicholson e Helen Hunt. Posso dizer com conhecimento de causa: é um bom remédio para as crises de "solidão profunda", freqüentes nos seres humanos. O melhor mesmo é "dar uma Cicarelada", mas nem sempre o melhor é possível.
Me enchi de esperança de novo. Não a que venceu o medo, pois essa é burra, mas aquela que nos faz ter vontade de seguir. No fundo, as pessoas não são tão estúpidas quanto quando estão "moralizando" numa reunião de condomínio, por mais paradoxal que isso possa parecer.

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Depressao

Ele usou uma xícara de café, pois não tinha taça. Depois de cinco anos, era a primeira garrafa de vinho que via na frente. Estragou a rolha com um abridor velho que achara na rua, mas não se aborreceu com isso. Colocou o líquido escuro na xícara, inspirou profundamente numa tentativa frustrada de reviver tempos idos, e só então experimentou a bebida, já com lágrimas nos olhos.

(...)

No meio da noite, ela se levantou, insone. Não dormia bem, desde que ele lhe deixara só na King Size. Desceu até a cozinha e assaltou a geladeira. Havia cinco anos que repetia o mesmo ritual. Apoiou a cabeça nos braços em cima da mesa e adormeceu.

(...)

Desculpa aí. É que depois do último post do Luigi, eu entrei em depressão. EU TENHO VONTADE DE MORRER!!!

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Pílulas de Esperança


Se ainda tem alguém achando que o presidente Didi Mocó não vai ser reeleito por causa de mais essa lambança do dossiê encomendado, pode tirar o jegue (é, jegue, sim, estou me adaptando ao Brasil muderno) da chuva. A patuléia tá se lixando para as ameaças à democracia e leréias afins. Vão reeleger o Sr. Mocó mesmo que o efelentifimo (© Ruy Goiaba) apareça, feito aquela mocinha, no Youtube, levando vara do tal Freud, aquele.

O que esse pobre povo bananeiro quer é isso mesmo: um nhonhô jogando umas migalhas “pa cumê” e a mulata sambando até o amanhecer, nos dizeres da extinta revista do também extinto Adolpho Bloch. Nosso glorioso povinho cagou solenemente sobre as acusações de autoritarismo e corrupção do governo petista.

O Bananão acabou. Perdeu o trem. Perdeu a graça. E eu perdi um tempão da minha adolescência e parte da vida adulta achando que esse gigante geléia, deitado em berço esplêndido, iria despertar. Não vai. Nunca. Chega. Tô fora. Não quero mais saber. Os cretinos fundamentais venceram. O elogio à ignorância venceu. As cabecinhas middlebrow dos politicamente corretos estão tinindo de alegria. Essa gente “ama” o primitivismo puro de Lula. A incultura trapalhona do vosso presidente eleva a benevolência do “homem cordial”.

Aliás, o Lula é o exemplo acabado do “homem cordial” de quem nos falou Sérgio Buarque de Holanda (isso, o pai daquele cantor popular que paga pau pro Fidel), há mais de 50 anos, no seu Raízes do Brasil. Bom lembrar que o “cordial” na obra do pai do cantor fanho não tem nada de elogioso, refere-se à origem etimológica da palavra – tá lá no Houaiss, do latim, cor , cordis , coração. Ou seja: esse “homem cordial” é o oposto do homem polido, racional, que vence pelo mérito e pela eficiência. Nosso “homem cordial” é o sujeito que “pensa” com o coração – que pode ser muito divertido na nossa sagrada mesa do botequim, mas está longe do que precisamos para governar esse Bananão.

Pois o presidente Didi Mocó disse em comício, antes de ser eleito, que para governar o Braisl, teria de usar só um pouco de inteligência (cadê, cadê?), e muito coração. Bravo! Esse é o mote perfeito para se ter popularidade nesse paisinho chulé, e abrir espaço pra todo o tipo arbitrariedade. E é exatamente isso que esse paisinho chulé vai levar: mais quatro anos (e sabe-se lá quantos mais) de “coração” populista , obscurantismo e barbárie. Bem feito. Esse buraco adormecido merece a história que tem.

Agenda cheia

Ah! Como é bom ser jornalista! Estamos em todas! Morram de inveja!

"Olá Leonardo,
tudo bem?

na próxima sexta-feira (22), acontecerá no Sambódromo, em São Paulo, a 9. edição da Festa dos Instaladores Hidráulicos, mais conhecidos como encanadores. Serão mais de 2 mil profissionais, vindos do interior de SP, MG, PR e RJ.

a festa vai homenagear o dia desses profissionais, que às vezes acabam ficando esquecidos, mas são figuras muito importantes para conscientizar as pessoas sobre a importância da economia de água. os participantes vão cair no samba ao som da bateria da Rosas de Ouro e curtir a música sertaneja de Thales & Thiago, destaque na festa do Peão de Barretos.

A festa vai durar 11 horas, com inicio às 7 e término previsto para as 17h30. O ponto alto do evento, com atrações musicais, deve ocorrer por volta de 13h30, 14 h.

se precisar de mais informações ou para credenciamento de imprensa, estou à disposição,

abs,

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Barnabé Inglês Revolve o Revolver

Revolver é o melhor disco dos Beatles. Sim, melhor que Sgt. Pepers e Abbey Road. É óbvio que quando mando essa, alguém me olha como se eu fosse um lunático. Não sou lunático e sei o que estou dizendo. E repito: Revolver é o melhor disco dos Beatles. Essa história de dizer que o Sgt. Pepers foi um tiro no escuro, que ninguém – nem os produtores nem os quatro rapazes – sabiam o que ia acontecer ao lançar um álbum tão ousado é pura cascata. Eles já haviam inventado tudo em Revolver. O que veio depois na obra deles foi só um desdobramento daqueles experimentos.

Finalmente não estou sozinho nessa minha avaliação. Ray Newman, um funcionário do governo Britânico, – que, como qualquer funcionário público, de qualquer país, não deve ter muito que fazer – acaba de lançar Abracadabra! The Story of the Beatles 1966 Album Revolver, um livro virtual que disseca as histórias do disco que nos deu de presente obras primas como Eleanor Rigby, Tomorrow Never Knows e Taxman.

Inglês é bom nesse negócio de dissecar (vide Jack, o extripador). O barnabé inglês passou anos pesquisando os meses que antecederam o disco, até seu lançamento em 1966. O livro promete lançar luzes sobre o quanto esse disco influenciou a música poular que veio depois dele. Newman diz no prefácio que escreveu a obra por pura diversão. Ponto pra ele - Deus me livre daqueles tratados acadêmicos sobre cultura pop. "Não escrevo sobre música profissionalmente. A idéia surgiu depois de algumas perguntas que eu tinha sobre o disco que seus biógrafos sentem-se felizes em passar por cima”, explica Newman. “Minha grande dúvida era saber como quatro jovens que haviam composto Love Me Do quatro anos antes, criaram algo tão excitante, esquisito e cool como Revolver”. É isso aí, Mr. Newman, esse salto de qualidade e inventividade que os caras deram em tão pouco tempo foi o que sempre me intrigou.

Quem quiser downloadar (ui!) o livro gratuitamente, cá está.

Bom, agora cês me dão licença que eu vou espiar aquela menina Cicarelli entubando no Youtube.

sábado, 16 de setembro de 2006

I can see clearly now (é o outro Daniel que escreve, não precisa adivinhar essa)

Nunca peguei no pau de ninguém, mas minha vida está uma palhaçada. Eu sei que poucos vão entender o que estou escrevendo, mas tudo bem. Eu tenho que desabafar.
Semana passada, eu quase faço o sinal da cruz antes de começar uma prática de Yoga, e olha que eu não sou nem um pouco religioso. Aí vão dizer: “E daí?”. Porra, daí que meus sintomas de TOC (transtorno obsessivo compulsivo) estão vindo à tona. Eu nunca fazia o sinal da cruz com fé, mas sim três vezes seguidas, sempre que entrava na igreja. O primeiro sinal na porta, o segundo no meio e o terceiro na frente do altar. Em seguida, sugava todo o ar do espaço entre os dentes e a gengiva enquanto fechava os olhos e inspirava pelo nariz para, depois de alguns segundos, soltar vagarosamente todo o ar retido nos pulmões proferindo um longo, constante e pianíssimo “S”: “Ssssssssssss...” . Tenho problema com ritmo e números, e na Yoga, eu não faço outra coisa a não ser lidar com eles. Espero que ninguém ria ao ler esse desabafo. Isso é sério. Já dizia meu pai, e provavelmente o tataravô dele, que pimenta no cu dos outros é refresco. Mas chega de crenças e cus. Estou a ponto de descobrir a razão da existência humana, e não tem nada a ver com Deus ou com o Diabo. É que estou vivendo o limiar entre o bem e o mal, onde o tudo se confunde com o nada, e o que se forma é a luz travestida de sombra, de dúvida.
Todos nós, seres vertebrados, somos fortes o suficiente para agüentar o tranco.
Hoje, tomei minha primeira aula de inglês com o professor Robert, um canadense que vinha dando aulas pra minha mulher. Foi a descoberta da minha gagueira. E psicografaram Noel Rosa recentemente. Ele não está mais gago e muito menos apaixonado. Está louco. E escrevendo mal. E eu pergunto. Onde está Wally? Onde estou? Ah, sim.
Eu adoro passear no Jardim Zoológico, e ver que todos os animais também são seres humanos. D-d-d-do-do-do y- y- you under-under-understand m- me?