quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Cof cof

O avô de uma amiga foi fazer exame de próstata. O velhinho, super na defensiva. Tava difícil de convencê-lo a abaixar as calças e virar de costas. Quando finalmente botou a bunda de fora, não tinha quem o convencesse a parar quieto para o exame. Então chegou um médico mais experiente e disse a ele "dá uma tossidinha". Quando o velhinho soltou o golpe de ar seguido do ruído 'cof', o doutor enfiou o dedo médio até o talo, sem dó, para fazer o exame. O argumento usado foi que o ânus relaxa quando a gente tosse e o cara não sente nada na hora do exame.
Taí, goste. Resolvi adotar. Agora é assim:

— Natália, vc pode ir buscar tua irmã num bar às 3h da manhã no sábado?
— Posso sim, mãe, mas antes você dá uma tossidinha?

— Senhora, vamos transferí-la para nossa central de relacionamento com os clientes para que a TIM possa estar resolvendo seu problema. Mas algo que eu possa fazer pela senhora?
— Tem sim: dá uma tossidinha?

— Nati, você tem como fechar essa matéria de cinco mil toques que eu te pedi hoje cedo até amanhã?
— Posso, claro. Você só me dá uma tossidinha?

— Ah, toca violão, vai. Você toca tão bem. Pessoal, abaixa o som, a Nati vai tocar!
— Toco, toco. Mas antes, dá uma tossidinha?

— Nati, além de sábado, vc pode vir no domingo pra gente pôr o site no ar?
— Claaaaaaaro. Desde que vc dê uma catarrada, pra eu enfiar a mão inteira!

O Grande Truque


O polegar direito mais parece o mínimo. Comprido, fino, "soca" o lenço encardido na palma da mão esquerda cerrada. O truque é velho, mas o mágico é carismático, o que faz com que os espectadores esqueçam alguns segundos. O vermelho do semáforo pára o relógio.
Apesar da habilidade, o moleque balança os braços e quando abre a mão, revela que o lenço continua lá. Parece que o truque não dá certo. Eu olho atentamente.
O vermelho espera o casal do carro preto, que procura freneticamente pelo troco do estacionamento. Descem os vidros escuros do Corsa e da BMW. E sob o olhar de Mandrake do mágico mirim, braços se estendem pra fora dos carros com as mãos recheadas de moedas que desaparecem no lenço encardido.
Some o vermelho. Aparece o verde. E eu sigo em frente, indiferente ao número que acabo de ver, grande mágico que sou.

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Jogo Limpo



Ou Féír plêi. É aquele código de ética usado em alguns esportes . Todo mundo conhece. Ou conhecia. Mas nos concentremos apenas no popular Football Soccer.
Só este ano, em dois grandes jogos, os jogadores simplesmente ignoraram o Fairplay. Num jogo entre Uruguai e Argentina (se bem que dizem que contra a Argentina pode) e novamente este fim de samana no jogo Santos e Cruzeiro.
Meus a migos me falam da beleza do esporte. E eu nunca consegui enxergá-la. Mas recentemente acabei descobrindo o motivo. Ao ler "A Estrela Solitária", biografia de garrincha escrita por Ruy Castro, vi como era diferente o futebol. E é esse futebol que todo mundo fala. É esse que meus amigos descrevem. É desse eu gosto. Mas vivemos num mundo onde alguns preconceitos são superexpostos (hoje tive tempo de escrever porque é feriado: Dia da Consciência Negra) e outros não são nem percebidos. Exemplo: o Futebol é o esporte da ginga e da generosidade. Será? Atenção amigos! Vocês estão sendo ludibriados pela mídia (como meus comunistas de estimação gostam de dizer). Ginga e generosidade: isso é futebol antigo. Hoje o lance é "jogo de resultados"
A ginga foi oficialmente banida do futebol no dia que um tal corintiano levou um cartão por, pecado mortal no Novo Futebol, DRIBLAR alguém. OHHHHHHH!!!
Por essa lógica garrincha não permaneceria em campo nem um minuto.
Tirar a camisa para comemorar gol? Cartão Nele!!!
Dar uma banana pro Fairplay. Ah isso pode. "Não está nas regras!" diz o comentarista como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Também não tem lei que exija que eu não cuspa na cara do sujeito que vem me oferecer bom dia. Não está escrito no elevador "Proibído Peidar". Mas tem aquela plaquinha estúpida - Antes de entrar no elevador verifique se o mesmo encontra-se no local
Esse é o problema. Estamos virando crianças. Bom senso não conta. Se tá escrito que não pode, não pode. Se não tem nada escrito, então pode. É por isso que agora precisamos avisar aos fumantes "Fumar é prejudicial à saúde", aos bêbados "Aprecie com moderação". Daqui a pouco vamos ter avisos: "Pular de Janelas de andares acima do segundo pode causar a morte" ou "Proibido comer de boca aberta".
Hoje o importante é ganhar. Tudo o que não estiver escrito é terra de ninguém. Pois é. Assim as grandes corporações conseguem suas vitórias na justiça. Assim as pessoas passam por cima das outras. Assim se ganham campeonatos. E o futebol deixa de ser aquele esporte que está no imaginário de quem é apaixonado por ele e passa a ser o esporte que eu não gosto.
Exceto NESSE caso

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Taturanas in Concert


Fãs do Los Taturanas lotam o Central Park, no último
Spring/Summer Concert, em Nova York, NY. (Jul/2006).


Os leitores do "Só Aborrecimento" estão convidadíssimos a assistir ao show de pré-lançamento do CD "10 anos sem sucesso" (nome ainda não definido), do Los Taturanas.
Provavelmente, muitos já viram os outdoors, leram as críticas que saíram na imprensa ou receberam scraps, e-mails, spams ou dois Zambianos de sunga verde-limão, chacoalhando pompons coloridos e cantando a versão axé music em francês de "as rosas não falam", enviados por nós. Mas, para quem não teve acesso a nada disso, aqui fica o convite. Ninguém vai poder dizer que não leu nada a respeito.

O show será no dia 10 de dezembro (domingo), no Café Teatro Rolidei, em Santos (SP).
Av. Pinheiro Machado, 48 (canal 1), no 3o andar do Teatro Municipal de Santos.
Horário: 20h30.
Entrada: Um brinquedo
Zambianos acordam amigos e parentes
com muita alegria. "Les Roses non parler"!

sábado, 25 de novembro de 2006

Mais uma da serie: Finais Espetaculares de Piada




Aí o Abravanel disse:
- E o Bambú?
E a Japonezinha:
- Enfia no teu cú!

A Vida Imita a Arte


Nos finais de tarde, São Paulo fica igualzinho filme nacional:
Fotografia espetacular, mas o roteiro uma merda.
Especialmente no trânsito da sexta-feira. No verão. Sem ar-condicionado.

Resposta do Coradazzi ao convite para escrever no So aborrecimento

Aceito sim, querido.
Ficaria honrado.
Só não prometo:


- regularidade
- coerência
- ineditismo
- revisão ortográfica
- interação com fãs/leitores
Explique-me como.
beijo

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Slogan dos Doutores da Alegria

A gente perde o amigo, mas não perde a piada.

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Por Quem Choras, Camilo?

Comandando o zap descontrolado do controle da TV, parei naquela entrevistadora-cabeça-simpática, como é o nome? Marília Pêra? Marília Medagila? Sei lá, uma Marília, aí... Do outro lado da mesa, um ressentido duble de ator e poeta (uh!), Gero Camilo. Dei uma googlada no cara e comecei a entender o porquê de tanto ressentimento.

O rapaz é rato de cinema nacional. Seus papeis: nordestino pobre e oprimido (Madame Satã, Narradores de Javé, Abril Despedaçado); traficante pobre e oprimido (Cidade de Deus); presidiário pobre e oprimido (Carandiru); interno de hospício pobre e oprimido (Bicho de Sete Cabeças). Ah, e na sua breve carreira internacional, virou peneira, metralhado por Denzel Washington em Man on Fire (Chamas da Vingança), onde fazia o papel de – adivinha o quê – um seqüestrador cucaracha pobre e oprimido.

Papagaio! Isso não deve ter feito bem pro sujeito. Não é à toa que o ator/poeta (ai!) só fez reclamar na conversa com a entrevistadora-cabeça-simpática. O chororó de sempre: ninguém quer editar o livro dele, o cinema nacional precisa de incentivo, o teatro nacional precisa de incentivo e o livro “nesse país” é um artigo muito caro (não é, não – mas isso é outro assunto). E chora, e chora, e chora...

Na mesma entrevista, o poetator (ui! ai!), tiririca com tanta pobreza e opressão, cita uma Carta Manifesto de sua lavra (é incrível como essa gente se amarra num manifesto) enviada para o Luiz Schwarcz, dono da Companhia das Letras, em que diz entre outras coisas que a Companhia das Letras, por não ter editado seu livro, “hoje não passa de letras sem companhia” (é, meu chapa, o cara é poeta, né?). O que nos leva a crer que o pobre e oprimido Camilo não conseguiu editar seu livrinho, certo? Errado. O cara editou o livrinho, sim, por uma editora independente dessas que tem nome indígena e vendeu pacas, segundo o autor/ator que, nesse momento da entrevista, faz cara de modéstia (falsa)-pobre-e-oprimida.

Depois diz também que tá fazendo um sucesso danado com a peça dele, baseada em seus textos (sei não, mas algo me diz que o nordeste pobre e oprimido é o cenário de seus escritos).

Então, presta atenção: o cara vende um porrão de livros, faz um sucesso danado com suas peças e filmes, e reclama mais do que pobre na chuva. Da pra entender? Desconfio que aquela tristeza toda se dá pelo fato de o poeta/ator, um cara tão sensível, faturar em cima de tanta pobreza e opressão, será? Não sei.

O que sei é que parece que a entrevistadora-cabeça-simpática, (Marília de Dirceu?) entendeu o sofrimento do rapaz, coitado – fez cara de dozinha e encerrou a entrevista pedindo uma frase ao entrevistado que, de bate-pronto, mandou uma tão profunda, mas tão profunda que acabei esquecendo. Vou ver a reprise. Depois eu conto.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

E Viveram felizes para sempre...

Esses dias tava zapeando a tevê com minha irmã quando ela passou por um canal com um filme que eu já tinha assistido.
- Deixa aí, esse filme é legal - eu falei.
- Qual a história?
- Ah, ele é professor de música numa escola. Ele começou a dar aulas contra a sua vontade, mas acabou gostando e...
- E daí ele revoluciona a vida dos alunos mas, no fundo, quem sofre a grande revolução é ele mesmo. No final, ele fica velho e todos os seus alunos de tantos anos o homenageiam tocando uma música que ele compôs... acertei?
- Puts... na mosca.
Caralho! O filme era muito clichê! E chato pra caramba também (minha irmã saiu da sala e eu tentei assistir. No vigésimo minuto desisti). Como pode ser? Eu gostava tanto dele... Indignada, parei pra pensar em todos os filmes dos quais eu gostava e que não via há um tempão. Todos, todos clichezassos! Eu perdi anos da minha vida com filmes clichês! Um lugar chamado Nothing Hill, Noiva em Fuga, Uma Linda Mulher, Jerry Maguire, Casamento do Meu Melhor Amigo, 10 Coisas que eu Odeio em Você. Isso sem contar as novelas. Eu sempre adorei o último capítulo, quando o casal protagonista finalmente ficava junto. Ou aquelas frases tipo "Me veja um uísque (pausa dramática) duplo!". Ou aquele diálogo "Sua chantagista!" "Psiiiu, que isso? Que palavra mais feia". Ou os xingamentos característicos de novelas, como hipócrita (por que é que em toda novela alguém chama alguém de hipócrita? É que nem a palavra doravante, que está presente em TODOS os contratos do mundo escritos em português). Ou aquele momento Deus Ex Machina em que o investigador chega com um calhamaço de papéis e diz "tenho aqui provas concretas de que Laurinha de Albuquerque Figueiroa era culpada". E pronto, todos ficam felizes, fácil assim. E eu nem mencionei todas as novelas que se passam no Leblon com a Regina Duarte como a protagonista Helena e o Tony Ramos ou Antônio Fagundes ou o José Mayer como par romântico. Sobre isso nem vale a pena discorrer. O fato é que eu perdi anos assistindo o mesmo filme e a mesma novela. Perdi, mas também ganhei uma habilidade muito legal: a de reconhecer os bons clichês. Sim, porque o Steve Martin é muito feliz em seus filmes clichês. E tem também aqueles filmes que tem um assunto clichê, mas ganham por sua execução original ou pelas boas sacadas, como Amélie Poulain, Moulin Rouge, Mudança de Hábito, Melhor é Impossível, Indiana Jones e a Última Cruzada. O próprio Woody Allen de vez em quando arrisca um clichê, geralmente bem sucedido. As pessoas tem mania de valorizar a genialidade dos grande diretores de cinema, como Kubrick, Hitchcock, Orson Welles, Scorsese, etc – e os caras são foda mesmo, tem que assistir e tem que elogiar – mas ficam querendo ser cults o tempo inteiro e não admitem que exista genialidade em fazer coisas clichês bem feitas. E, convenhamos, naquele feriado chuvoso que você ficou em São Paulo nada melhor que assistir um clichê bem feito. E nada mais clichê que fazer isso.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

S de Samba Sons

Esse é o nome do podcast que eu produzo e participo junto com Jair Oliveira (aquele do "Balão Mágico"), Simoninha (não é aquela do "Balão Mágico" e sim o filho do Simonal) e Tomaz Toca (aquele do "Mão de 8").
Papos, música e umas palhaçadas.
Entrou no ar um novo com participação da Luciana Mello.
Quem quiser confira aqui.

Grave Petefe


Tenho feito tantas pexotadas que descobri que estou precisando refocilar. Urgentemente.
É um petefe meu: trabalho até ficar esfalfado e só depois paro pra refocilar.

Por onde andara Coradazzi?

Este texto foi postado no blog do Cora (o Terceiro Mamilo) e por ser um tema tão atual resolvi repostá-lo aqui.


"Ah, eu adoro estragar tudo.
Imaginei uma versão da antiga brincadeirinha infantil Gato Mia, especialmente para modelos.

- "Buli Mia!"
- "Blearh!"
- Ah, é você, Nadyne!

Também estão disponíveis as versões de Desfila-Cotia e Pega-Pega-à-Porter, e os brinquedos Lipo Tinadora, SubMassa, Genius [de um tecla só] e Turma da Moranguinho sem Açúcar."

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Cinema Nacional? Pega no meu pau!

Cinema nacional é ruim. A gente sempre dá aquele desconto: "É bom... prum filme nacional até que é legal." Pois é.
Eu sou absolutamente contra o cinema nacional. O fato de os filmes serem péssimos já seria o suficiente para isso. Mas o pior de tudo é que grande parte dos filmes são feitos com dinheiro público. Quer dizer, eu pago por filmes que não assistiria nem de graça.
Mas vamos deixar esse assunto mais abrangente. Pra quê um Ministério da Cultura? A única coisa que eu vejo de útil num ministério da cultura seria a preservação do patrimônio histórico. Sim, porque, quem disse que os discos, livros e filmes que se beneficiam de verbas públicas são bons? Quem julga o que é bom ou ruim? O Gilberto Gil e seus aspones petistas? Quer dizer que a nossa cultura está nas mãos de um partido que tem como presidente um semi-alfabetizado? E mesmo que tivesse nas mãos de um intelectual. Como é que alguém pode dizer o que eu devo ou não assistir/ouvir?
Por essas e outras, criei a campanha "Cinema nacional? Pega no meu Pau!!". Quem falou que o cinema está melhorando? Antigamente pelo menos tinha mulher pelada e palavrão pra caralho. Hoje só tem miséria e comedinha tipo Terça Nobre. É Toni Ramos e Daniel Filho ou cabrinha manca passeando pelo deserto. "Você viu que linda a fotografia?"
Diretor brasileiro acha que filme americano é coisa do Demo. Que Hollywood é pobre. Tudo bem que Hollywood tenha produzido "O Poderoso Chefão", "Laranja Mecânica", "Cidadão Kane", "Manhattan", "Casablanca", "Noivo Neurótico Noiva Nervosa", "Crepúsculo dos Deuses", "Cantando na Chuva" e "Férias Frustradas em Las Vegas" e "Rambo 2- A missão".
Bom mesmo é cinema iraniano. E tome cabrinha manca andando no deserto. Clang Clang clang.
Não dá mais pra pensar: "Pra um filme nacional até que tá bom". O filme tem que ser bom e acabou. E eu não estou falando de pirotecnia e sim de roteiro e direção.
Não preciso dizer que há exceções. Posso citar citar aqui "Cidade de Deus", "A pessoa é pra o que nasce", "Estamira", "Ilha das Flores" e "Fabricando Tom Zé" (a maioria documentários onde roteiro e direção tem um papel diferente dos filmes de ficção). Não sei quais deles foram feitos com dinheiro público mas, mesmo gostando desses filmes, não acho que o governo deveria ter pago pela sua produção. Simplesmente porque não acho que qualquer patrulha cultural seja interessante. Cultura tem que ser viva, dinâmica, provocativa. É tão ruim uma banda de pagode fabricada por uma gravadora quanto um filme bom financiado pelo governo. Ambos estão impondo seus produtos (cada um com seus motivos) com a diferença que a gravadora usa o dinheiro dela e o governo usa o nosso. Enquanto nosso pensamento continuar estatizado, enquanto a cultura for tratada como algo quem vem das academias, dos governos e não da sociedade, a gente vai continuar assim: Clang Clang clang.



Que saudade dos palavões
e das mulheres peladas

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Dica de Leitura Ultrapassada Mas vale a pena


Para quem gosta de boas sacadas, a editora LPM relançou "A Bíblia do Caos" em versão pocket. Ótimo para deixar no banheiro.

POLITICAMENTE CORRETO

Bicha - Macho Distraído
Desemprego - Lazer não Solicitado
Gago - Loquaz Intermitente
Voyeur - Observador oculto de relações íntimas no plano fisiológico
Albino - Hipopigmentado
Suborno - Pagamento a agente burocrático não especificado no código de vantagens
Capenga - Ambulante alternativo
Caolho - Camoniano
Pau no exame - Conclusão negativa de um período estabelecido para absorção de informações culturais
Cego - Homérico
Hiperinflação - Estrutura econômica que ultrapassou os níveis negativos máximos estabelecidos por projeções tecnocratas

(em Millôr Fernandes - A Bíblia do Caos)

domingo, 12 de novembro de 2006

33 x 666 / Bíblia - 3,1416 = 0


Eu é que não vou ficar procurando o Jimmi Hendrix em chuvisco de TV fora do ar, nem ligando estrelas em busca de Nossa Senhora Aparecida. Não. Não quero nem saber o que escreveram todos aqueles autores que pegaram carona no sucesso do "Código Da Vinci". Não adianta os profetas da história da humanidade me provarem por meio dos mais complexos cálculos geométricos, trigonométricos, numerológicos, astronômicos, tarológicos, teológicos ou renais de que tudo estava escrito. Eu não quero fazer a música das esferas, não quero traçar paralelos ou fazer ligações metafísicas que me levarão à contemplação da verdade absoluta. Estou completamente perdido no infinito entre 1 e 2. Não sou crente. Não sou ateu. Não vou ficar inventando desculpas para os erros de Deus. Não me mandem correntes por e-mail, não me peçam pra girar aquele disco antigo dos Beatles no sentido contrário, não tentem me empurrar livros de auto-ajuda e, por favor, não queiram me provar que eu sou quem eu sou porque nasci quando Saturno treinava a dança do bambolê. Tenho uma vida pra viver.

O Ministerio da Saude Adverte:

Morrer pode fazer mal à saúde.

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Carta aberta ao Karnak ou "por que o Karnak tinha que terminar mesmo"

André,

Aqui quem escreve é um fã. Mas um fã bastante crítico. Não esperem cagar no palco e receber meus aplausos. Pra ser meu ídolo tem que fazer por merecer.
E por um tempo vocês fizeram.
Produziram um dos melhores discos da década de noventa e um dos mais importantes da música brasileira. Ainda assim não foram reconhecidos nem pelo público, nem pela crítica. Isso porque a crítica é chata e o público é bobo.
Para a crítica tudo tem que ser sério. Sério não, emburrado. O que eles esquecem é que todos os "medalhões da música" sempre tiveram humor. Noel Rosa, Lamartine Babo, Carmem Miranda, Dorival Caimmy, Tom Zé, Chico Buarque, Tom Jobim (ou Desafinado é uma música séria?), Mutantes, Jorge Mautner, Jards Macalé, Beatles, Mozart... Ampliando para outras artes temos Shakespeare, Woody Allen, Leonardo DaVinci, Andy Warhol, Stanley Kubrick... dava pra ficar um dia inteiro citando nomes. Todos usavam da ironia ou da graça. E mesmo sendo muito sérios não tinham nada de sisudos. Mas crítico é assim. Só entende o que tá catalogado ou o que eles e seus amiguinhos ouviram em Nova York no último inverno.
Já para o público Karnak era uma banda de humor. Tipo um "Mamonas Assassinas" cabeça. O gordão, o japa e uns outros freaks ficavam lá fazendo micagem e todo mundo dava risada e ia pra casa.
O que nem um nem outro percebeu foram as sutilezas. E é impressionante como pouca gente consegue perceber as sutilezas. O melhor exemplo que me vem a cabeça é "Juvenar". No primeiro "último show" de vocês um sujeito do meu lado ria muito enquanto vocês tocavam essa música. Mas era uma risada de achar engraçado e não de achar graça. Logo depois ele gritava pra você entoar sua Ópera.
Pois então, eu adorava quando você canta a Ópera. Eu adorarva rir da suas palhaçadas. Mas eu também queria ouvir o que vocês tinham a dizer. Eu sabia que Juvenar era mais do que uma piadinha boba. Assim como o Alma não tem Cor, o Mundo, Comendo Uva na Chuva. Mas boa parte do público (pelo menos os que costumavam sentar perto de mim) não entendia o Karnak, só entendia as piadas. E devia ser frustrante pra vocês terem que ouvir seus críticos dizerem que suas letras eram infantis ao mesmo tempo que seu público pedia para vocês serem mais infantis.

Eu perdi meu tempo escrevendo isso porque quando eu ouvi o Karnak pela primeira vez eu saí do chão. Eu ria pra caralho e dois versos depois eu estava com nó na garganta quase dando papelão na frente de todo mundo. Essa é a mágica do primeiro disco: como todo grande disco ele se equilibra entre o divertido e o emocionante (vide Sgt. Peppers). Foi depois de ouvir vocês que eu decidi que era isso que eu queria fazer da minha vida. Além disso, a banda que eu formei com meu pai e meus irmãos começou com a gente tocando músicas do Karnak. E é por isso que quando eu soube que vocês iam terminar, eu fiquei triste. Mas aí você falou que o Karnak era apenas o começo e que todos os Karnakos iriam continuar com suas bandas e que seriam vários Karnaks espalhados pelo mundo. Aí eu fiquei feliz. Aí você falou que ia ter um show por ano. Aí eu fiquei mais feliz ainda. Em vez de dar perolas aos porcos, vocês resolveram dar pérolas aos poucos (Eu sei, eu sei, é do Wisnick). E assim todo mundo ficou feliz. Público, Crítica, eu e vocês que espalham o Karnak pelo mundo, não se desgastam entre si e ainda se divertem uma vez por ano.
Eu queria que vocês soubessem que algumas pessoas ali na platéia viram o Karnak de um jeito um pouco diferente. Eu tenho certeza que não fui o único e posso até estar viajando pra caralho. Só que desde aquele que eu pensei que tivesse sido o "últmo show" do Karnak eu tenho vontade de falar essas coisas.
Vida longa aos Karnakos.

Abraço.
Filipe

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

O dia em que Rodrigo acordou


A luz que se metia entre as cortinas deixava uma faixa suja no assoalho da sala. O telhado já reclamava do calor e a bola de futebol esperava ao lado da velha cadeira de balanço. A casa sempre acordava antes dos donos e aquele dia não foi diferente. Quando Rodrigo desceu as escadas, ainda com remela nos olhos, o sol já estava alto. Meio tonto, chegou cambaleando na sala, ligou a TV no canal de desenho e fez gemer a velha cadeira quando se atirou nela já com a bola nos braços. Estava quase pegando no sono quando ouviu sua mãe gritar. Abriu os olhos e com uma coragem que lhe era estranha, subiu as escadas para ver o que acontecia. Abriu a porta do quarto de onde veio o grito e deu de cara com as lágrimas de sua mãe que mordia o travesseiro enquanto tentava se fazer entender: "Bate mais forte, Beto! Aiiiiii...".
Rodrigo soltou a bola que desceu as escadas com o auxílio de apenas três degraus para acabar esquecida embaixo do sofá.

O tempo é sábio...

Este texto eu escrevi no ano passado, para o programa Saia Justa

Tudo igual o cacete!

Não me considero ainda um homem maduro — sou novo nessa história de idade adulta. Tenho 23 anos, quase 24 e, assistindo ao programa de vocês na última semana, fiquei um tanto intrigado com o que foi falado sobre a equivalência do macho.
Nas respostas faltou a tréplica masculina. Sei que o Saia Justa não tem essa característica e nem deveria. Nesta sala de estar onde corre a vossa prosa, as mulheres (como em quase todas as esferas da nossa vida) mandam. E o fazem divinamente.
Definitivamente, queridas amigas, os homens não são todos iguais. As mulheres têm essa impressão, pois procuram sempre os mesmos homens, por pior que tenham sido experiências anteriores. É como um ratinho viciado, que toma choque, mas não desiste de ir atrás da droga.
Sempre fui um adolescente diferente da maioria (nunca fui contra os outros, só diferente). Quando estava lá nos meus 15, 16 anos, as garotas procuravam viris e ignorantes jovens que — perdoem-me — coçam o saco, são individualistas e que “traçam” tudo o que encontram pela frente. Morria de inveja de não ser assim. Mas as mulheres da minha idade e geração queriam mesmo o cara que ama mais o futebol do que as companheiras, mesmo reclamando sempre que ele não passa quase nunca o fim-de-semana com elas. Até as mais feministas se submetiam aos seus namorados. Quando tentei me igualar, quase entrei em parafuso. Mas desisti deste auto-flagelo.
Sabe o que acontecia sempre? As mulheres por quem me apaixonei, todas elas inteligentíssimas, nunca me davam bola. Aprendi que o que se chama “másculo” e “viril” é ter uma certa grosseria e saber pisar um pouco no pé durante a dança do relacionamento. Mas os homens gentis não são grossos. É contra a nossa natureza. Aí, nossas utópicas sogras rezavam para Santo Antônio que enviassem um genro como nós para suas filhas. E as rebentas atrás dos glutões da sensibilidade.
Quando resolvi assumir o meu lado gentil e ser eu mesmo, comecei a perceber que outras pessoas eram como eu. Não chamam muita atenção, são inteligentes. E, pasmem!, heterossexuais. Sabemos que as mulheres em geral se enchem de preconceito. Sempre as ouço dizendo que homens gentis, sensíveis são gays.
Aprendi que algumas mulheres empunham bandeiras de respeito e igualdade, mas na hora de procurar um companheiro, acabam indo atrás do mesmo amante latino, machão meio imbecil.
Para minha sorte as mulheres, assim como os homens, não são todas iguais. A minha namorada dá valor a tudo o que eu sou e sempre fui. Quando as mulheres começarem a procurar por homens diferentes, elas descobrirão, assim como eu descobri, que ambos os sexos têm seus exemplares mais fantásticos. Basta abrir bem os olhos.

Hoje, eu escreveria assim:

Vão se fuder, suas burras do cacete! Vai esfregar chão e tira o cu do meu dedo, caralho!!!

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Drama da vida na fossa I

- Crêidi! Crêêêêidi!
- Ô Cida. chega aqui nus fundo.
- Ué!? Cadê Cirçu?
- Foi pa roça mairrupaidele. Tadim, tão novim. Se adependesse de mim ele ia brincá, marr Antôin... disse que é bom pa mó dele virá ôme logo.
- Oxente, Crêidi! Quantus anu tem u muléqui?
- Cirçu? Tem seis.
- Antôin tá doidé? Cirçim vai é pegá raiva di inxada.
- Ói minha fia. Quero nem sabê. Tô até gostano. Tá uma paiz...
- Quê isso? Cê tá é doida?
- Ciiiirço! Ô Ciiiiiiirço!
- Quequecequé, Zureia?
- Cirçu taí, Dona Crêidi?
- Tá não, meu fi. Tá trabaianu.
- Impresta a bola pa mó di nois brincá aqui na rua?
- Ih, Zureia. Antôin rasgô a bola foi todinha onti caus qui cirço tarra bulinanu cu a rôla. Mairrapanhô tanto que chega ficô roxo. Sabi cumé Antôin...

Chega Antôin e Cirço inriba do caminhão.

- Crêidi, minha fulô. Meu doci di côcu. Qué qui tem di janta pa mó di cirçu cumê que o coitado tá quasi dismaianu?
- Óxente, Antôin. Tá pensanuquê? Sô empregadinha não, ôx! Rai si fudê. I cê passa pa drento muléqui forgado. Fico aqui trabaianu o dia intêro i ocês dois só vévi pra mi aperreiá!
- Mais Crêidi !?

Livro da Sorte

Mentalizando: "O Lula vai se fuder e sofrer um impeachment?"
Gira.
Gira.
Gira.
Gira.
Abre.
"A Lua é inconstante
muda muito de semblante
lua nova ou crescente
ficarás muito contente"
— Ufa...

Vernáculos Filisteus

"Nossa, hoje estou literalmente com dor de cabeça!"
minha empregada, a única a usar essa expressão também em sentido figurado

"Meu namorado ficou falando a noite inteira que sou linda. Nossa, fiquei muito prepotente"
ela de novo.

"Não vamos jogar lixo na praia, pessoal, temos que ter um pensamento de cunho preservatório"
narrador de um campeonato de surfe em Cabo Frio.

"Quer dizer que o senhor é taxista e guia turístico?"
"É, dona, com esse negócio de Globalização, Internet, a gente acaba fazendo um pouquinho de tudo, mesmo"
o taxista do século XXI.

"Lavamos ‘cães’ e ‘gatos’"
placa de um pet shop que provavelmente lava homens cafajestes e bonitos.

"Se a senhora quiser, a gente faz um preço especial pra levar vocês lá na piscina do Cachadaço de barco"
"Hum... mas o passeio é imperdível?"
"Nãaaao, de jeito nenhum, a senhora fique sossegada"
um caiçara tentando me convencer a gastar dinheiro com um passeio completamente dispensável em Trindade.

"Tô com frio, vou pegar uma blusa mais quente"
"Mas essa não adianta, Natália, cê vai passar frio do mesmo jeito, só trocou 8 por 80".
minha mãe trocando 8 por 80.

"Ai... tô com uma larica..."
"Quer comer alguma coisa, mãe?"
"Não, acho que se eu tomar um Doril e deitar um pouquinho passa"
minha mãe tentando usar gírias.

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

XXIV Bianal de Arte

Incrível que se crie tanta merda em apenas dois anos.
Tudo bem, tá certo, minha ignorância não permite uma avaliação criteriosa das obras mas, porra meu, até que eu sou um ignorante esforçado e com boa vontade e, mesmo assim, não deu não!!!!
A feira do livro em Santos estava bem mais interessante (ai, ai, ai, ...).
Da experiência restou apenas uma pergunta: Por que é que homosexual gosta tanto de artes visuais?

Padices

Rolf Gruber, minutos antes de botar a boca no apito

Imagine uma anárquica mistura entre o charme wit do Groucho Marx, as incorreções políticas do W.C. Fields (aquele que dizia que “um homem que detesta crianças e cachorros, não pode ser mau de todo”), e a candura sentimental do palhaço Arrelia. Imaginou? Então, meu velho amigo Pado Levi é tudo isso e, de quebra, além de ser um um grande biólogo, manda uns sonetos catitas e divertidos.

Os versos abaixo são para os iniciados no filme mais erótico de todos os tempos: A Noviça Rebelde (The Soud of Music).

Divirtam-se, noviceiros. So long, farewell, auf wiedersehen, goodbye...


REFLEXÕES DO SOLDADO ROLF

NÃO SEI PORQUE, FINGINDO IR EMBORA,
NAQUELA NOITE CHEIA DE MISTÉRIO,
EU ME AGACHEI NA CAMPA ALI DE FORA
E A VI APARECER NO CEMITÉRIO.

A SENSAÇÃO QUE TIVE NESTA HORA,
FEZ-ME ACREDITAR NUM REVERTÉRIO,
DE IRMOS JUNTOS NESTA NOITE EMBORA
DEIXANDO O NAZISMO E SEU IMPÉRIO

MAS QUANDO O CAPITÃO APARECEU
EU VI QUE O MUNDO SEU NÃO ERA O MEU,
TREMI E A MINHA ARMA LHE ENTREGUEI.

TIREI DO BOLSO DO MEU CORAÇÃO
MEU GRITO, SUFOCADO ATÉ ENTÃO,
E SEM ALTERNATIVA, APITEI !!

Flávio Levy

domingo, 5 de novembro de 2006

Manual para Solução Rápida de Pobremas


- Toninho, vem cá, cê precisa aprender logo esse lance aqui!
- Mas seu Kleber, tem sujeira pra eu limpar lá no saguão ...
- Não, agora não, deixa lá que já tem outro cuidando disso! Tá vendo esse pontinho verde aí na tela?
- Ihhh, mas tem um monte !!!!
- Mas eu tô falando desse aqui, ó! Tá vendo?
- Sim, tô sim!
- Então, você tem que ficar de olho nele e não deixa, nem fudendo, chegar muito perto de outro igual, senão dá merda!!!!!! Qualquer coisa grita.
Toninho, em pensamento: "Puta merda, cada uma que me arrumam, só aborrecimento, um monte de pontinho numa tela,....., não posso nem ouvir meu radinho aqui, eu que não gosto nem de vídeo game ...., como era mesmo aquela letra do Roberto, .... passar a tarde olhando pontinho, onde já se viu, .... ih, qual que era mesmo ...?

sábado, 4 de novembro de 2006

Biroca Galáctica


Biroca galáctica

O Microsoft Word resolveu grifar a biroca. Galáctica pode. Biroca não. É, eu realmente não entendo o tempo e o espaço nos quais me desencontro. Mas me achava facilmente nas minhas birocas. As coisas concretas me transportavam para o mundo virtual. Hoje, o mundo virtual me transporta para as coisas concretas. Viver era muito mais fácil, o que não quer dizer que era melhor. Estou com Vinícius. “É melhor viver que ser feliz”.
Me lembro de deitar no chão à noite para observar as estrelas (piegas, eu sei), e ficar imaginando como era (im)possível o universo. Hoje, já vi muitos céus e descobri que nunca me cansei deles, simplesmente porque não posso explicar. A rotina me causa enfado. Quero continuar a viver e ser feliz de vez em quando, de surpresa. Prefiro imaginar que moramos numa grande biroca e que, portanto, estamos sujeitos a uns “tecs”.

P.S.:- Pra quem não sabe, biroca é um apelido para bolinha de gude.

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Pizza com Ketchup


Como esse blog é dedicado a aborrecimentos, falarei um pouco de um show que antecedeu o do Monstro da Musica Mundial Herbie Hancock.
Foi de um tal de Bollani. Um italianinho metido a besta que adorava fazer gracinha com o público. Minha gente, jazz é coisa séria! Além disso, quem gosta de Jazz sabe que europeu é tão bom de jazz quanto japonês é bom de samba. Então o que esse italianinho pensa que é pra ficar fazendo músicas tão sem compromisso? O Jazz é uma música que enobrece, vem da alma. É precisa algum respeito.
Logo no começo, a banda tocou uma música chata e sem sal. A platéia, por piedade, não parava de dançar e aplaudiu bastante. Na segunda ou terceira música uma surpresa: um dos solos de contra-baixo mais emocionantes que eu já ouvira até então. O músico utilizou escalas não ocidentais causando estranheza para os ouvidos menos acostumados, mas nesse momento sublime (único deste show), vieram-me lágrimas aos olhos. A sutileza do Jazz estava de volta.
Mas não demorou para o Italiano começar a falar com o público em português macarrônico. Ele explicava a letra de uma música que ele iria cantar. Daí pra frente o show foi para o buraco. As pessoas desesperadas para o termino do show, pulavam das cadeiras, dançavam, aplaudiam tudo o que ele fazia. Mas o cara não teve o menor semancol. Ao fim do Show, o púbico gritava "Mais um, mais um" obviamente para terem a oportunidade de ouvir um pouco mais do baixista. Mas o fulaninho achou que era com ele e voltou sozinho para o palco para desespero da platéia. E fez uma versão de "Trem das Onze". Claro tinha que acabar com um pagode. Ô gente insuportável esses europeus! Ainda bem que Herbie nos redimiu. O verdadeiro Jazz iria triunfar aquela noite.

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Sai da frente que atrás vem véio


Eu gosto das criancinhas e dos velhinhos. Na verdade, eu gosto da “maldade” nas criancinhas e nos velhinhos. As crianças são malvadas, porque são sinceras demais. Se um amiguinho é chato, ninguém quer brincar com ele e pronto. Não existe essa falsa generosidade que gente grande preza tanto do tipo: “Chama o seu amiguinho pra brincar que ele ta sozinho, coitadinho” ou “Por quê você não empresta a sua boneca pra sua coleguinha, Carol?”. Só digo uma coisa: Eu odeio os falso-moralistas. É por isso que eu gosto dos velhinhos e das crianças.
Quando eu morava na Vila Mariana, ia comprar pão no supermercado Pastorinho quase todos os dias. Muitas vezes, chegava antes de abrir. Mas eu até gostava de ficar esperando, pois era agraciado com um espetáculo impar. Muitos velhinhos (acho que todos que moravam ali por perto) acordavam todos os dias bem cedo e tocavam para o Mercado. Ficavam ali do lado de fora se entreolhando, massageando suas banguelas, uns até rosnando um pouco, num clima de tensão pré-combate. Quando o funcionário encarregado de abrir as portas se aproximava, os velhinhos se aglomeravam do lado de fora na tentativa de garantir um melhor posicionamento. A maçaneta mal girava e o funcionário era praticamente atirado pra trás com o estouro da boiada. Bengaladas daqui, cotoveladas dali, dentaduras pelo chão... mas ninguém reclamou uma única vez que eu tenha presenciado. Pelo contrário, o espírito competitivo parecia manter aquelas criaturas de pé. No começo, fiquei indignado. Depois comecei a achar graça. Com o tempo, passei a competir com eles. Covardia? Foda-se! Eu tinha pressa.

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Arquivos Ordinarios

O pequeno-mini-itsy-bitsy-teentie weenie yellow-polka-dot-bikini dicionário FILIPE ENTÃO de Frases de Duplo Sentido

- Jacaré no seco anda?
-Marinheiro em terra firme na bunda sua?
-Teu pai tem FIAT?
-Chegou há pouco de fora
-Está louco de raiva
-Desculpe se topei, dona
-Festa tem que ter chopp e danca, garapa e doce. Aí eu só vou embora se for dia.
-Vc já perdeu o Celular?
-Meu gato deu cria. Se eu pedir vc vende gatinho?
-Um beijo pra vc e todo mundo que for da sua família.
-Conhece o cara que tem posto aí atrás?
-Desculpe as bolas fora, se eu te machuquei por dentro, é que eu sou assim meio cabeçudo.
-Pode levar uma cunhada minha no seu carro?
-Desculpa por tudo...
-Como pode Umbú ser tão gostoso?

aceito sugestoes para a ampliação do pequeno-mini-itsy-bitsy-teentie weenie yellow-polka-dot-bikini-dicionário FILIPE ENTÃO de duplo sentido.