terça-feira, 26 de junho de 2007

Enfia os brincos...

Caros especialistas em aborrecimento, eu preciso de ajuda. Tenho sentido um aborrecimento enorme cada vez que vejo um desses afro-brasileiros, geralmente jogadores de futebol, com um par de enormes brincos de brilhante.

Com a proximidade da Copa América estas aparições estão mais frequentes e comecei a ficar preocupado. Será que o aborrecimento é como a radiação nuclear, que demora para desaparecer e se acumula no caso de exposições repetidas à fonte da radiação?

Será viável criar um contador Milton (como o Geiger) para medir com precisão o nível de aborrecimento? Caso seja, sugiro usar como ruído indicador, ao invés do conhecido téc, téc, tec, algo mais parecido com o tã, tã, tã da abertura do Tubarão...

sábado, 23 de junho de 2007

PADICES DO PADO

COMPREI UMA GELADEIRA
PAPAI FALOU, QUE BESTEIRA !
PORÉM EU NÃO O OUVI.
COMPREI UM RADIO-VITROLA,
DEZ LITROS DE COCA-COLA
E UM QUEIJO CATUPYRI.
E SE NÃO COMPREI MAIS NADA
FOI QUE A GAITA NÃO CHEGAVA
POIS NO JOGO EU A PERDI.
PUZ A BEBIDA NO GELO,
O QUEIJO TINHA CABELO
POR ISSO NÃO O COMI.
O RADIO QUEBROU DEPRESSA
BEBI COCA-COLA A BESSA
FIQUEI DOENTE E MORRI !
E NO DIA DERRADEIRO
PAPAI DISSE O DIA INTEIRO,
BEM QUE EU O PREVENI.
COMPROU-ME UM CAIXÃO CATITA,
AMARROU NELE UMA FITA,
E O QUE ESCREVEU, AQUI VAI...
REZAI POR ELE UMA PRECE
E VÊDE O QUE ACONTECE
A QUEM NÃO OUVE SEU PAI !

And now, ladies and gentlemen, um filme nacional à prova de aborrecimentos


E olha que vem de um diretor estreante, Phillipe Barcinski.

Acreditem: é brilhante, moderníssimo, tem um roteiro primoroso -- premiado pelo Sundance Institute do Tio Bobby Redford lá de Utah --, atuações magníficas e um olhar extremamente carinhoso para com a cidade de São Paulo, que eu confesso que nunca tinha visto em nenhum filme brasileiro antes.

"Não Por Acaso" é tão bacana que quase me apaixonei novamente por essa cidade detestável onde a maior parte de vocês ainda mora.

Merece ser visto. É o melhor filme brasileiro desde "O Outro Lado da Rua", de Marcus Bernstein, Para quem não viu, é um thriller sombrio, mas muito delicado, rodado nas ruas do (Jerusa)Leme 4 anos atrás -- uma espécie de "Janela Indiscreta" geriátrica e à moda kosher --, com Fernanda Montenegro, Laura Cardoso e Raul Cortez, em sua despedida do cinema.

Beijos para todos e bom fim de semana.

PADICES DO PADO

RELAXA E GOZA !











terça-feira, 19 de junho de 2007

Pílulas de Aborrecimento 2


1.Pipoca Vermelha de sinal
2.Tributos, homenagens, releituras etc...
3.O som da minha própria voz atrasada quando estou falando no celular
4.Filmes sem um final claro (todo filme deveria ter aquele P.S.: "Julia e Paul se casaram e vivem na california, Mary foi estudar canto na suécia e morreu com um sanduiche entalado na garganta, George desapareceu embaixo de sua coleção de guidões exóticos e Joshua continua lecionando em Harvard")
5. A Ecovias e a Telefonica
6. Criancinhas
7. Malabaristas de sinal
8. Guaradadores de carro
9. Esportes
10. Filme Nacional
11. Peça de Teatro Infantil
12. Peça de Teatro Adulto
13. Peça de Teatro Adolescente

Aceito sugestões.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Paulista in box


A aula não terminou, mas logo penso naquele macarrão chinês da paulista. Mal acaba, ligo pra minha mãe. Tem comida em casa. Não há desculpas. Mas saio da escolinha, atravesso a avenida e não resisto: "Vê um pequeno, por favor". Há um gigante conflito dentro de mim. Pentelhos chineses nacionalizados na comida que está sendo feita. Pêgo quase com a mão, aquele frango todo em pedacos moles, provavelmente criado com hormônios até o talo. Ao meu lado mais um faminto faz o pedido. O chinês filho já aumenta a quantia a ser feita. Pelo menos não serei a única a vomitar macarrão. Não sei porque ainda insisto, mas acabo de pagar. Não tem como fugir. Tenho esperança de que este seja bom. Recebo a mercadoria fechadinha numa embalagem de isopor com um garfo espetado. Como andando para casa, assim a tortura é mais rápida. Jogo fora pouco antes de terminar. Ainda sinto gosto do teflon. Quem sabe o próximo esteja melhor.

domingo, 17 de junho de 2007

PADICES DO PADO

DEPOIS DE SANTO ANTONIO, SÃO JOÃO, SÃO PEDRO

TEMOS

FESTA DE SANTO INÁCIO (LULA DA SILVA)

NO CUMEÇO TAVA DE MAIS
DEPOIS TAVA DE MAIS, MAIS,
DEPOIS, DE MAIS, MAIS, MAIS, MAIS...
TODO MUNDO CANTAVA “AQUI NA MINHA MÃO” !
VINDO LÁ DO RURAL, TINHA CADA MILHÃÃÃO,
UNS NO SAQUINHO, OUTROS NO CUZIDO
E A QUADRIA QUEIMAVA UNS PAPERZINHO VERMEIO
NUM SEI PRU QUÊ
A CADEIA TAVA VAZIA, MAS PROMETIA
E UM PESSOARZINHO GRITAVA
QUEM CONSEGUÍ PRENDA,
QUEM CONSEGUI PRENDA
PRO BINGO MINHA GENTE, PRO BINGO !
TINHA ATÉ UM CORREIO DESELEGANTE,
GENTE VENDENDO BILHETE PREMIADO,
DO BINGO QUE AINDA NÃO TINHA SIDO SORTEADO.
NO PARCO CANTAVA UMA TAL DE LEIDE ROVER
ACOMPANHADA POR UM HOME CARECA
QUE TIRAVA UMA NOTA VIOLADA.
O ACÚSTICO ERA DE UM TAR DE JEFER SOM
TUDO PALOCINADO POR UM TAR DE ROBEIVERBAL DO POVO
NO MEIO DE TODA AQUELA GENTE QUE FALAVA MEIO ACAIPIRADO
EU ASSISTIA TUDO, BEBERICANDO MEU QUENTÃO.
SÓ NÃO CONSEGUI ENTENDE,
POR QUE QUE NUMA FESTA TÃO BUNITA
NÃO TINHA NINGUÉM QUE QUERIA SEGURA O ROJÃO.
VORTANDO PRA CASA, FUI ESCUITANDO A MÚSICA
DAQUELA FESTA, AGORA JÁ NÃO TÃO ANIMADA.

DEPUTADO SUMINDO, SE ESCONDENDO NA BOA
E QUEM QUE VAI FUGINDO, NÃO VAI INDO A TÔA
MENSALÃO, MENSALÃO
EU TENHO SAUDADES AQUI NA MINHA MÃO!

sábado, 16 de junho de 2007

Essa é para quem tem saudade daqueles envelopes de papel que embalavam os discos importados nos anos 60 e 70



Essa é para enquadrar e pendurar na parede atrás da mesa de trabalho

sábado, 9 de junho de 2007

12 Perguntas para Ivan Lessa (por Sylvia Colombo, FOLHA - 9 de Junho de 2007)


FOLHA - A segunda parte da "Antologia" cobre os anos de 72 e 73. Segundo a edição, essa teria sido a fase mais interessante do "Pasquim". E também a sua. Como andava seu ânimo profissional? E político?

IVAN LESSA - Sim, minha participação foi mesmo mais ativa. Mas a explicação é simples. Morava em Londres até 72, quando voltei para o Brasil e passei a trabalhar diariamente no "Pasquim". Meu ânimo profissional ia bem, obrigado. Tive outras ofertas mais tentadoras em termos de salário. Mas, no "Pasquim", na época vendendo pouco e em crise, eu estava entre velhos amigos. Ânimo político? Nunca tive, não tenho.

FOLHA - Como você selecionava as cartas a serem respondidas? Quantas você inventava? Depois que os leitores entraram no espírito da seção, ficou mais difícil?

LESSA - Eu pedia para a dona Nelma [secretária do jornal] a vasta pasta com as cartas. Tirava um punhado. Selecionava as que pareciam mais interessantes. Ou mais idiotas, se você preferir. E inventava apenas as obviamente inventadas. E a proporção é bem menor do que pensam. Ou dizem. Depois de um certo tempo, os leitores mais vivos entraram no espírito da coisa. Aí, é claro, ficou mais difícil. Dependia muito também de como andava minha paisagem interior. Sim, eu tenho uma paisagem interior, que anda, marcha, pula, isso tudo.

FOLHA - Entre os gêneros que você criou no jornal, as cartas inventadas, as falsas notícias comentadas e o horóscopo, de quais gostava mais?

LESSA - O que eu mais gostava de fazer mesmo era o "Pasquim Novela". O resto do que você menciona era ou muito triste ou muito chato. Não me lembro de falsas notícias. Toda notícia é, por definição, falsa. Ou farsa. Por aí.

FOLHA - E as que tinham subtexto contra a ditadura (sobre Papa Doc, a Inquisição ou Perón)?

LESSA - Era para poder falar de nós falando dos outros. É a única vantagem da censura: obrigar o cidadão a exercer as disciplinas das entrelinhas, das alegorias, das insinuações.

FOLHA - Como funcionava a relação com os chargistas na seção "Gip, Gip, Nheco, Nheco"?

LESSA - Eu escrevia os "gips" e eles "nhecavam". Em muitos eu tinha uma idéia ou sugestão para a ilustração. Mas muitas das frases davam para se agüentar em seus próprios pés. Acho.

FOLHA - Acredita que as pessoas vejam o "Pasquim" hoje com demasiada nostalgia?

LESSA - O "Pasquim" acabou. Para o bem ou para o mal.

FOLHA - Em entrevista à Folha, Jaguar disse que o jornal viveu mais do que deveria. Você concorda?

LESSA - Concordo. O "Pasquim" deveria ter acabado logo depois que começaram a botar azeitonas adoidadas em empadas alopradas.

FOLHA - Você acha que o "Pasquim" de fato revolucionou o jornalismo brasileiro?

LESSA - É, o jornaleco tirou as aspas da língua brasileira. Na medida do possível. Os outros méritos estão com todos os que escreveram ou desenharam ou tentaram uma contabilidade honesta com a publicação -chato ficar repetindo "Pasquim" ou "jornaleco", passemos então para os chavões.

FOLHA - Você lê jornais brasileiros? Acha que estão melhores ou piores do que na época da ditadura?

LESSA - Passo os olhos eletrônicos neles. Continuam ruins como sempre. Loas para tudo que contribua para desencorajar um brasileiro, ou brasileira, a praticar o (risos) jornalismo.

FOLHA - As pessoas ficam intrigadas com o fato de você ter partido para Londres e praticamente nunca mais ter voltado. Você sentiu necessidade de romper com o Brasil?

LESSA - Não senti necessidade. Apenas uma baita de uma vontade de me mandar e só voltar em caso de muita, mas muita emergência mesmo.

FOLHA - Você se diverte com os jornais sensacionalistas?

LESSA - Acompanhar os tablóides chega a ser engraçado. Mas há muita coisa para ler, para ver na TV, muito pato para se alimentar no laguinho dos parques. Eu confesso que só vejo a primeira página nas bancas, que é o quanto basta. Ninguém os leva a sério. Principalmente os que fazem os tablóides. Aí até que dá para fazer uma ponte com o "Pasquim".

FOLHA - Num dos artigos você diz que o mundo se divide entre as pessoas que dizem "ôba" e as que dizem "êpa". Onde você se enquadra nessa classificação.

LESSA - Êpa! O passar dos anos, a passagem dos ôbas...

LESSA - Sei que não teve uma pergunta treze. Mas sou supersticioso e aqui está a prova.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Liberd...



Quando vejo nosso presidente Didi mocó falando uma asneira como essa, não posso deixar de pensar nas últimas frases do livro "Incidente em Antares" de Erico Veríssimo.

"Aconteceu passar por ali nessa hora um modesto funcionário público que levava para a escola, pela mão, o seu filho de sete anos. O menino parou, olhou para o muro e perguntou :
– Que é que está escrito ali, pai?
– Nada. Vamos andando, que já estamos atrasados...
O pequeno, entretanto, para mostrar aos circunstantes que já sabia ler, olhou para a palavra de piche e começou a soletrá-la em voz muito alta: “Li-ber. ..”.
– Cala a boca, bobalhão! – exclamou o pai, quase em pânico. E, puxando com força a mão do filho, levou-o, quase de arrasto, rua abaixo."

It's a sad sad world....

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Beatles Again


A propósito do post do Chico (Comemoração de 40 Anos de "Sgt Pepper"...), concordo com quase tudo o que foi dito. Em setembro de 2006 comentei aqui sobre o assunto, quando o disco "Revolver" fez 40 anos. Taí pra quem quiser reler.

Comemoração de 40 Anos de "Sgt Pepper" é só aborrecimento


Como se não bastasse toda a presepada em torno dos 40 anos de "Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band", com matérias inócuas em sites, jornais e noticiários de TV, vendendo a idéia de que o disco dos Beatles é o maior e mais audaciososo da história do rock and roll -- o que está longe de ser verdade, nem é o melhor dos discos dos Beatles --, agora começam a aparecer matérias supostamente sérias sobre ele, como a que André Singer acaba de escrever para a Piauí desse mês, academicamente entitulada "Crítica e Autocrítica em Sgt. Pepper, 40 Anos".

Para quem não sabe, André Singer foi Porta Voz da Presidência da República no primeiro mandato do presidente Didi Mocó, e se apresenta como cientista político, jornalista e professor da USP. Na verdade, ele é da turma do bundinha Otávio Frias Filho, e militou na Folha por um longo período, principalmente na Ilustrada, nos anos em que foi editada por Matinas Muzuki.

Foi ele quem, 20 e poucos anos atrás, fez o jogo sujo da direção do jornal, detonando publicamente o jornalista Pepe Escobar, que reinava na Ilustrada com textos sempre extensos e clarividentes sobre música, e não abria espaço para outros jornalistas interessados em escrever sobre o assunto.

Singer denunciou um artigo assinado por Escobar sobre o disco "Let's Dance", de David Bowie, que na verdade era uma tradução de uma matéria publicada na Rolling Stone americana. Vai saber se Escobar realmente roubou o artigo... Eu, pessoalmente, duvido. O mais provável que que tenham armado uma cilada para ele na redação, e ele tenha caído como um patinho.

O caso é que isso gerou náo só a demissáo de Escobar do jornal, como também a sua desgraça como jornalista. Depois disso, não conseguiu mais trabalhar em lugar algum. Pirou, depois virou budista, e entáo se arrancou para a Índia. Graças a Wagner Carelli, reapareceu como colunista das revistas República e Bravo nos anos 90, para depois sumir do mapa novamente.

Pois bem, dadas as credenciais, vamos ao texto publicado na Piauí.

André Singer teima em reduzir "Sgt Pepper" a uma visão academicista e formal, algo que simplesmente não combina com rock and roll. Tenta reforçar suas teses sobre o disco com citações de sociólogos e cientistas políticos, e tece comentários pretensamente elucidativos, sempre com pseudo-empirismo irritante.

Mas erra redondamente quando tenta vender a idéia de que o conceito do disco é grandioso.

Não é.

Grandiosa é a produção de George Martin.

O conceito do disco é muito simples.

O que os Beatles queriam fazer em "Sgt Pepper" -- e conseguiram, de forma brilhante -- era uma espécie de Revista Musical Psicodélica, mais ou menos nos moldes das revistas que os teatros ingleses levavam nos anos 30 e principamente nos anos 40. Quem viu o filme "Ms. Henderson Presents", de Stephen Frears, sabe bem do que eu estou falando.

O teatro de revista era muito popular em toda a Inglaterra. Era praxe os músicos serem contratados permanentes dos teatros. O pai de Paul McCartney, que era músico, era profissional em casas assim. Muito da musicalidade de Paul vem justamente de seu convívio com as canções daquele período. E então, durante a guerra, esses teatros de revista viraram uma espécie de resistëncia não-politizada aos toques de recolher, pois faziam sessões corridas de seus espetáculos durante o dia, já que à noite tudo tinha que fechar por conta dos bombardeios que assolavam as cidades inglesas -- Londres principalmente.

"Sgt Pepper" foi obviamente concebido nesse espírito, e adequado ao momento de 1967, com um suposto grupo de uma Revista Musical saudando os Beatles, e abordando os temas do momento -- o advento do LSD, a guerra do Vietnam, as incertezas, as mudanças drásticas de comportamento que estavam em voga, e, claro, a postura de avestruz da Realeza Britänica e de seus súditos em relação a todos esses temas.

Com o brilhantismo de George Martin por trás da empreitada, e graças a sua perfeita sintonia com os quatro Beatles, "Sgt Pepper" acabou ganhando uma dimensão artística muito além do imaginado.

E como foi um disco que custou muito caro, veio acompanhado do maior aparato promocional da história de indústria fonográfica até então, o que alavancou as vendas de forma avassaladora, e acabou definindo padrões tanto estéticos quanto mercadológicos para as bandas contemporäneas dos Beatles.

Para mim, a grandeza de "Sgt Pepper" está justamente aí.

Até porquë eu não tenho a menor dúvida de que, numa comparação com "Revolver", por exemplo, o conjunto de canções de "Sgt Pepper" sai perdendo feio.

Digo mais: não acho nenhum exagero dizer os compactos "Strawberry Fields Forever/Penny Lane", e 'Hey Jude/Revolution" são mais interessantes musicalmente que o "Sgt Pepper" inteiro.

Isso sem mencionar o atenuante de que, para quem está sendo apresentado aos Beatles agora, começar por "Sgt Pepper" é totalmente inadequado. "Rubber Soul" e "Revolver" são melhores opções, resistiram muito melhor no teste do tempo.

Mas verdade seja dita: o grande disco dos Beatles é, e sempre vai ser -- isso indepndente de qualquer gosto pessoal -- "Abbey Road". O danado é simplesmente perfeito da primeira à última faixa. E continua fresco e atualíssimo como se tivesse sido gravado semana passada.

Quando "Abbey Road" fizer 40 anos, aí eu prometo que comemoro.

terça-feira, 5 de junho de 2007

LBV


- O senhor gostaria de ajudar com uma contribuição na sua conta de telefone?
- Hum... deixa eu ver...
(pensando: eu pago 12% de imposto sobre meu salário, mais ICMS, CPMF, IPVA, etc... tudo isso dá 40 e poucos % de carga tributária. Mais plano de saúde, pedágio...)
- Não. Não vai tá dando.
- Nem uma caixa de leite.
- Não.
- Obrigada. Deus lhe abençoe.

Desligo o telefone e imediatamente me arrependo. Eu não devia ter dito não.
Devia ter mandado ela tomar no cú.

USP em tudo


Na educação, na política, na cultura, nas religiões.
O que está acontecendo com o movimento estudantil é reflexo do que está acontecendo no mundo: infantilização. Todo mundo quer brincar de resolver os problemas do mundo. Sempre com soluções fáceis e contra tudo isso que está aí.
O pior é que gente que deveria estar na contra-mão dessa história, tá abrindo as pernas (né, Serra?).
No caso da USP, os alunos não são unanimidade. Mas existe aquela aura de que "pelo menos estamos lutando por alguma coisa". O problema é que estão (bem brasileiramente) lutando pelo filezinho deles, não pelo bem geral.
Mas o pior de tudo mesmo é que eu levei 3 horas para chegar em casa e nessa merda de passeata só tinha baranga bigoduda.
Só por isso a polícia já deveria ter descido o pau.
Mas é sempre assim:
o mundo gira, A Lusitânia roda e a gente toma.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Oba! Mais Mulher Pelada (e de quebra alguns desatinos e desenganos)


Eu entendo perfeitamente o inconformismo do Taturana Pai ao ter que ficar falando de negócios ao lado de um estúdio onde rolava uma sessáo de sacanagem com algumas mulheres nuas. Mulher pelada é algo que já tira a gente do sério em situações unidimensionais e bidimensionais, imagina em 3D....

A primeira vez que vi um ensaio fotográfico com mulheres peladas foi em 1987, quando morava em São Paulo e trabalhava numa agëncia de propaganda muito divertida chamada ÉTICA PROPAGANDA, que tinha a conta das Persianas Columbia e da Prosdócimo. Nós trabalhávamos na época com dois fotógrafos para fazer stills de refrigeradores e persianas, e tanto um quanto o outro ganhavam dinheiro fotografando coisas inanimadas, mas se divertiam mesmo fotografando adivinha o quë? Mulher pelada. Um deles era o Mikas, que produzia muita coisa para a Ele&Ela na época, e o outro era o Dimas, que fazia muitas fotos para a Status. No estúdio do Dimas, eu vi uma única sessáo de fotos, e mesmo assim por trás de uma porta, pois a modelo era meio fresca e náo queria gente passeado pelo estúdio. Já no do Mikas, que ficava bem ao lado da ÉTICA -- Cardeal Arcoverde quase esquina com Fradique Coutinho, casas que já não existem mais --, era a maior festa, até porquë ele fotografava meninas com quem ele estava saindo, e nós -- eu, o Ruben, um uruguaio muito divertido que era produtor gráfico, e o Sérgio, um baiano loiro que tinha sobrenome polonës e era diretor de arte -- podíamos entrar e sair do estúdio a qualquer hora do dia ou da noite. O Mikas era um excelente anfitriáo. Pelo menos uma vez por semana, rolava uma festa no estúdio dele.

Mas aí eu voltei para Santos, me afastei da publicidade, e nunca mais tive acesso a essas boiadas. Até que um belo dia, 4 anos atrás, recebi um convite para assistir a um ensaio fotográfico de "nu artístico" comandado por um amigo meu, que estava debutando como fotógrafo, e eu -- claro -- fui correndo reservar minha poltrona. O estúdio dele ficava bem ao lado da Estaçáo Ana Rosa. A "missáo" dele era fotografar as putas que trabalhavam nos diversos puteiros de um amigo dele, para depois distribuir as fotos em sites de "acompanhantes", que ele próprio administrava.

A situação toda foi muito engraçada. Ensaio com mulher pelada náo tem meio termo: ou é tenso, ou é muito divertido. Havia um monte de putas na entrada do estúdio -- que era minúsculo, e nem era exatamente um estúdio -- fazendo a maior algararra. E puta quando se reúne com outras do mesmo métier acaba sempre sendp sinönimo de gargalhadas sonoras, muito palavráo, e de vez em quando umas baixarias de praxe. Mas naquela tarde náo houve a menor encrenca. E o meu amigo conseguiu fotografar todas elas peladas sem problemas, e a toque de caixa. Não via tanta puta pelada ao mesmo tempo desde os tempos em que invadíamos os camarins do saudoso Pink Panther. Muito bacana. Claro que as fotos ficaram uma bosta, mas também...não se pode ter tudo na vida, náo é mesmo?

Alguns meses mais tarde, esse meu amigo deu um upgrade no negócio dele, e começou a produzir também vídeos de fudelança com as meninas dos puteiros conveniados. Náo para os sites dos puteiros, mas para um dealer de Singapura, que distribuia os videos em sites de Latinas pelo mundo todo. Virou uma negócio bem próspero, e esse meu amigo começou a ganhar uma boa grana com isso. Da minha parte, fiquei aguardando ansiosamente ser convidado para assistir a uma dessas sessöes, e se possível para trabalhar na produção de um deles.

Demorou um pouco, mas um dia veio o convite.

Só que infelizmente, nesse meio tempo, o mercado havia mudado de rumo. O tal dealer de Singapura se desinteressou de uma hora para outra do nosso segundo maior produto de exportaçáo -- as mulatas, mamelucas e pardas em geral.

Daí, esse meu amigo produtor acabou aceitando uma proposta de um outro dealer de Amsterdam para fazer filmes de fudelança com o nosso maior produto de exportaçáo -- os travestis, claro!

Foi a maior roubada. Eu confesso que fiquei muito impressionado com o que eu vi naquele dia. Era assustador. Uma verdadeira parada de Dia das Bruxas, O set de filmagem era uma suite bem grande de um motel na Raposo Tavares. A gravação começou às 3 da tarde e foi até 10 da noite. Haviam 6 travestis, 2 bofes e 3 putas. Todas as conjunções carnais possíveis entre eles foram devidamente exploradas. Enquanto isso, os 2 bofes náo perdiam tempo e se chapavam de Viagra para conseguir dar conta de todos os cus disponíveis. No final acabariam sendo enrabados pelos travestis -- exigëncia do holandës que contratou o serviço.

Detalhe #1: nenhum dos 2 bofes contracenou em momento algum com as 3 putas. Elas estavam alí para trepar com os travecos. Outra exigëncia do holandës que contratou o serviço.

Detalhe #2: tanto os travecos quanto os bofes usavam obrigatoriamente cinta-liga e soutien preto nas performances. E sempre que as bibas levavam uns trancos dos dois bofes, ou vice-versa, todos -- bofes e bibas -- tinham que gozar nas meias cumpridas que estavam usando -- mais uma exigëncia do holandës que contratava o serviço.

(confesso que nunca consegui entender o porquë dessa última exigëncia, mas achei melhor náo polemizar, pois estava longe de casa, sabe como é...)

Depois de 2 horas de muita fudelança rolando simultaneamente em vários cus, e com muita luz em cima dos protagonistas, aquele ambiente fechado começou a cheirar a merda. A cheirar forte. Ficou difícil permanecer alí com a sanidade intacta. mas o caso é que ninguém podia sair. A produção estava correndo na clandestinidade, o gerente do motel náo sabia de nada, e nem poderia saber, pois o meu amigo havia negociado o set com um funcionário subalterno. O jeito era ir até o fim o mais rápido possível, encerrar cedo e depois passar os vídeos por FTP para o holandës -- que estava em Amsterdam -- dar o okay.

Em meio àquele cheiro de merda, eu ainda ouvi um dos bofes dizer uma frase lapidar: "Eu adoro travestis, eles sáo maravilhosos, a coisa mais bonita que Deus já criou".

E entáo, quando tudo acabou e finalmente pudemos ir embora dalí, o motorista da produção deixou os travecos pelo caminho, e ofereceu uma carona para mim e para a maquiadora até o Jabaquara, pois viríamos em seguida para Santos.

Junto veio um dos travecos, que náo conseguia esconder o cansaço. Estava indo para casa também. Mas náo veio com a gente. Pegou o outro ônibus, para São Vicente.

Morava na Biquinha, claro...