quarta-feira, 30 de maio de 2007

Padices do Pado

PONTOS DE VISTA


QUANDO CRUZASTE AS PERNAS NA MINHA FRENTE
E EU PUDE OBSERVAR TUA CALCINHA,
EU ME SENTI UM TANTO IMPOTENTE
POR NÃO PODER MOSTRAR MINHA ZORBINHA.

Padices do Pado

A GRANDE “BOIADA”

APÓS ESTA CHUVARADA
MEU DEUS ! O QUE ACONTECEU ?
O VALE NÃO VALE NADA
E ATÉ O MORRO MORREU,

TEM BARCO QUE VAI NA ESTRADA
PORQUE O RIO SE ESTENDEU
TEM PEIXE ATÉ NA INVERNADA
ONDE A “BOIADA” ESCORREU.

COM ESTE ACONTECIMENTO
TIVE UM ATREVIMENTO
QUE TE CONTO COMO FOI,

PRA NÃO DEPENDER DO TEMPO
REALIZEI UM EXPERIMENTO
E SÓ CRIO PEIXE BOI !!

Oba! Mulher Pelada

Meninas no Banho: Renoir também gostava. Quem não?
Reunião seriíssima numa produtora de filmes bacaninha da Vila Madalena. Negociávamos a produção de um DVD de um artista e, às tantas, criou-se lá um impasse qualquer. Expressões graves, discussão acalorada, todos envolvidos e concentrados nos argumentos. No meio da pendenga, desviei a visão por um segundo em direção à porta entreaberta da sala de reuniões e jurei que vi passar o vulto de uma moça. Foi muito rápido, fração de segundo, mas tempo suficiente para que eu notasse que se a jovem saltitante vestia algo, era da canela pra baixo. Achei que poderia ser delírio. Reuniões maçantes fazem estragos nas minhas faculdades. Mulher pelada, pensei, aqui? Será que é a mulher do dono? Ou filha? Hummm...não, não, delírio meu, só pode... .

Enquanto tentava afastar toda sorte de sem-vergonhice que dominava minha perversa moringa, e me esforçava para voltar à reunião, aconteceu de novo. Só que dessa vez eram duas moças e não passaram tão rápido. As peladíssimas chegaram a parar em frente à porta e trocar umas palavrinhas entre elas. O cara do meu lado, sócio da produtora que naquele momento debatia inflamado, também as viu e nem sequer interrompeu o palavrório. Seguiu como se nada tivesse acontecido. Para não parecer um troglodita, esperei ele se calar e, na deixa, perguntei com o máximo de savoir-faire que me foi possível:

- Vem cá, tô delirando ou agora mesmo tinham duas peladonas bem ali na porta?

- Ah, sim,... Nós produzimos vídeos eróticos pra revista Sexy, e o estúdio é aqui na sala ao lado – respondeu o janotinha, voltando imediatamente à reunião –, mas, veja bem, se nós é que vamos bancar as locações do filme, a coisa muda de figura...

Claro que, pra mim, a reunião acabou. Pra não termos que tirar as crianças da sala, vou poupá-lo da descrição das imagens que tomaram conta da minha cachola doentia (só posso garantir que não envolviam nem animais nem anões besuntados... que eu me lembre).

Sinceramente, você acha isso certo? Assim de mulher pelada na sala do lado e nós lá, discutindo detalhes orçamentários de produção! Tive que me conter pra não tomar a atitude mais sensata: “Escuta aqui, pessoal, mulher pelada é troço muito sério. Chega dessa reunião. Todo mundo pro estúdio, já”.

Deve ser coisa de geração. De todos os presentes na sala eu era o único com mais de quarenta anos (beirando os cinqüenta). Os outros não passavam dos trinta. A impressão que tenho é de que essa garotada gastou toda a perversão vendo os programas da Xuxa. Talvez a vulgarização e o excesso de oferta de nu tenham anestesiado suas cabecinhas, sei lá. E não me venha com esse papo de que nudez é natural. Já vejo o garoto metrosexual com ar entediado dizendo: “mas mulher pelada é sempre igual”. Eu sei: dois seios, um triângulo cortado no meio e um popô. Mas quem se cansa de ver? Eu não.

Priscas eras

Mulher pelada pra molecada da minha idade era um troço tão sério que parava até final de campeonato de porrinha. Bastava alguém chegar com um “catecismo” do Carlos Zéfiro – com aqueles desenhos toscos de mulheronas safadíssimas fazendo barba, cabelo e bigode em seus sobrinhos, primos, professores e padres – e, pronto... o mundo parava. Eram tempos de exceção e, para os gorilas da censura, mulher pelada era coisa de subversivo. Assim, nada de Playboy, Sexy e publicações do gênero. Tínhamos que nos virar com as revistas semanais familiares. Manchete, Cruzeiro, Realidade, todas nos brindavam com pelo menos um lance de coxa ou um peitinho por edição. Aliás, meio peitinho. Peitão inteiro não rolava (censura de estado e interna), exceto em matérias sobre índios do Xingu e afins. Aí era a glória – ainda que as belas fotos de Jean Mazon, na maioria das vezes, revelassem apenas velhas índias com suas muxibinhas arrastando pelo chão. Era uma vida dura (sem trocadilhos, por favor), mas um bocado aventurosa. Arriscávamos reputações, amizades, carreiras futuras e até vidas por uma fresta na porta, uma fechadura, só pra dar uma espiadinha na irmã do amigo trocando de roupa. Arriscávamos, sobretudo, nossa saúde, pois, como era sabido, mulher nua levava os adolescentes inexoravelmente à debilidade mental e ao crescimento de pelos nas mãos. Mas tudo valia pra ver um lance de calcinha ou um pouco mais de coxa, inclusive rastejar debaixo da mesa de jantar pra espiar as calcinhas das amigas da mãe em chás da tarde.

Óbvio que não foi minha geração que inventou a adoração por safadeza. Os seres humanos vivem na Terra há mais de 2 milhões de anos e já naquela época mulher nua era fundamental. Tanto isso é verdade que depois de descobrir o sexo o homem gostou tanto que achou por bem transmitir o seu prazer às gerações futuras desenhando todo tipo de sacanagem em pedra. O registro mais antigo foi encontrado na Mesopotâmia e data de três mil anos antes de Cristo. Há quem diga, no entanto, que as representações sexuais que podem ser vistas nas paredes da caverna de Combabrelles, na França, foram feitas há 40 mil anos. Nem a Bíblia escapou. O Cântico dos Cânticos, do rei Salomão, escrito no ano 400 a.C., tem tanta safadeza que, desde que foi escrito, estudiosos e religiosos tentam analisar o poema metaforicamente, sem sucesso. Salomão, como eu, gostava mesmo era de mulher pelada.

Pela experiência que tive nessa reunião numa produtora de filmes bacaninha da Vila Madalena, sinto que algo se quebrou. Pelo visto, milhões de anos de cultura da sem-vergonhice viraram pó.

Por outro lado, se agora mesmo você tascar “mulher pelada” no google, surgirão 118.000 (com o título acima, 118.001) registros bem sem vergonhas. Vai lá e divirta-se, mão de urso.

sábado, 26 de maio de 2007

Drama da vida na fossa (Episódio VI)

- Cirçu! Ô Cirçu! Cadê ocê, abestadu? Ah, ce taí, praga. Larga essas minhoca i sai da terra, infiliz! Rencapadrentumá banhu pa módi qui nóis tem casamentu hoje. Anda, pésti! Seu pai feiz o banhêru novim pa nóis si alimpá. Tem inté privada. Rêeem caaaaa fi dua égua!
- Crêidi! Posso oiá o seu banhêru?
- Chega aqui, Cida. Oi qui beleza. Tem inté privada.
- I pra quê qui servi?
- Pra fazê as necessidadi, ôx. Aí dispois ce puxa essa cordinha aqui, ó... e fica tudo limpim.
- Eita! O Elim (Hélio pequeno) bem qui pudia fazê um ingual pa nóis.
- Agora vô tuma banho nu chuvêru. Pódi? To chique, minha fia. Vô limpinha nu casamentu.
- Ôx, Crêidi! Quem qui casa hoji?
- Marinêidi, fia do Zé Arruela. Sabia não?
- To doida! Vai casá cum quem?
- Valmí.
- Ah, Crêidi, aí tem coisa. Casá rápido ansim... sei não...
- Tão falanu qui ela imbarrigô.
- Eita bicanca!
- É, minha fia. E Valmí vai assumi marrupai é Zé Arruela mêmu.
- Válami Deus, Crêidi! Aqueli safadu pegô a própia fia? Tadinha...
- Tadinha nada. Aquela lá bem qui gosta.
- Ôx, Crêidi!
- Pó perguntá pra mádi Zefinha, si eu to mintinu. Traiu a mãe, aquela quenga.
- Óia. Ninguém nem mi convidô pru casório, mais tamém nem ia querê i. Uma sérvengonhici dessa... Deus castiga, viu?
- Qui nada, Cida. O tio di marinêidi mandô matá uma vaca e valmí comprô foi trinta caxa di tubaína. Acha qui eu vô perdê? Vô é dá banhu ni Cirçu qui Antôin já ta cheganu. Té mais, Cida.
- Té mais.
- Ciiiirçu! Ah, meu deus du céu, sai di drenda privada qui num é ansim, muléqui dus inferno!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

PARTICIPE!

Quer chupar dois anos da sua cana?!

Promoção FELAÇÃO PREMIADA!!

Na compra de um ministro você leva mais um, um deputado e um assessor parlamentar! Depois, é só contar tudo o que você sabe na próxima CPI e PRONTO! DOIS ANOS SEM PAGAR CANA!


Mas, o melhor está por vir:

Quem engole tudo É O CIDADÃO!!!!

Tá esperando o quê?!

Passe no Gabinete mais próximo e não perca a sua chance! São mais de 510 parlamentares só esperando a sua oferta! É pegar ou largar!!

Ministros não podem ser trocados. Promoção válida em todo o território Nacional. Ministros que caírem, mesmo depois de comprados, não entram na promoção. Promoção registrado na Secretaria das Felações Institucionais sob nº6969-666.

terça-feira, 22 de maio de 2007

PADICES DO PADO

O ANCIÃO E O ALQUIMISTA

CARO ALQUIMISTA, VOU TE SER SINCERO,
NÃO QUERO SIMPLESMENTE QUE DO FERRO
FAÇA OURO VALIOSO E RELUZENTE.
ANTES TE DIGO QUE O QUE EU MAIS QUERO
É VER ESTA BORRACHA QUE CARREGO
SER TRANSFORMADA EM FERRO NOVAMENTE !

segunda-feira, 21 de maio de 2007

O Amor Acaba


Um dia, numa sessão de cinema, o braço da cadeira começou a incomodar.
E eles soltaram as mãos.

domingo, 20 de maio de 2007

Outras palavras

Depois de tantas coisas mais profundas postadas nesse blog eu fico até sem jeito de compartilhar alguns dos pequenos (des)aborrecimentos com que vamos esbarrando pelaí. Mas vamos lá assim mesmo...

Neste frio fim de semana me peguei pensando em algumas palavras que nítidamente nós usamos da forma errada. Quer dizer, no dicionário elas tem uma definição que não tem nada a ver com o que o som delas traz à mente. Por exemplo, alguidar não devia ser um recipiente. Pra mim soa como um punhal árabe, menor do que uma cimitarra e mais ornado que uma simples adaga. Quando criança, achava que perene era algo muito delicado, transitório, talvez pela similaridade sonora com perece. Até hoje não gosto de perene na sua acepção "correta". Outro dia li algo sobre nenúfares e achei péssimo serem flores. Nenúfar poderia ser melhor usado para designar um tipo de samovar, ou quem sabe uns almofadões para por na sala.

A idéia não é original, o Luiz Fernando Veríssimo já escreveu (e muito melhor, claro!) sobre isso, mas o exercício não deixa de ser divertido mesmo quando praticado por amadores. Quando você encontrar uma palavra que o aborrece, a busca de definições mais satisfatórias pode ser um bom desaborrecedor e não tem contra-indicações. É só praticar...

Uma questão de gosto

Silvia e Zeca se conheceram na faculdade. Pro Zeca, terceiro ano de sociologia, foi fácil conquistar o coração da tímida caloura da pedagogia.
Depois de quatro anos de namoro, sexo, palestras, passeatas, juras de amor eterno, promessas de um país melhor, resolveram juntar os trapos. Mas o tempo tem se mostrado inimigo da perfeição. Sílvia anda meio decepcionada com Zeca que acabou se acomodando no seu “emprego temporário”. Ajudando o pai na lanchonete, Zeca está mudado. A cada dia que passa, Sílvia tem um motivo pra chorar de desgosto. Domingo passado, no intervalo do Faustão, Zeca começou a revirar a casa, desesperado...

- Sílvia! Onde é que ta aquela caneta que eu tinha deixado em cima da TV?
- E eu é que sei? Vê se não caiu no chão. A TV também não é lugar de guardar caneta, né?
- Droga! Justo quando a gente precisa...
- Eu tenho outra aqui no meu criado.
- Não! Tem que ser aquela, e rápido.
- Por quê tem que ser aquela?
- Por causa da tampa. Eu preciso de uma caneta Bic. Por causa da tampa, entendeu?
- Ah não, Zeca! Vai enfiar a tampinha da caneta na orelha de novo? Eu já falei que isso é nojento. E dá aflição, Zeca. Um dia você ainda vai furar o tímpano com essa brincadeira.
- Mas, Sílvia, agora é diferente. Pela primeira vez as minhas duas orelhas estão coçando ao mesmo tempo e com a mesma intensidade. Eu já peguei um grampo de cabelo e agora preciso da tampinha da caneta. E tem que ser Bic. Vou, finalmente, descobrir qual dos dois é melhor e, pra isso funcionar, tenho que coçar as duas orelhas ao mesmo tempo e comparar. O mundo precisa se livrar dessa dúvida. Ta coçando, puta que pariu.
- Eu nunca ouvi asneira maior em toda a minha vida.
- Ah, você nunca vai entender. Ô, coceira boa, meu deus do céu! Onde é que ta essa caneta? Me ajuda, São Longuinho. Será que caiu embaixo do sofá? Ahá! Achei! Achei! Pega a câmera, Silvia. Vem registrar esse momento histórico.
- Você só pode estar brincando com a minha cara.
- Um... dois... Ahhhhhh! Que delícia! Os dois são muito bons. O grampo é delicado, objetivo... hummmm... mas a tampinha, por outro lado, é ousada, provocativa... ahhhh, que gostoso! Muito bom!
- Não to acreditando. Juro por Deus.
- Hummm... pronto! Ai, ai...
- E aí? Chegou a sua brilhante conclusão pra livrar o mundo da agonia de não saber escolher entre o grampo e a tampa de caneta? Só me faltava essa!
- Olha, eu acho que o grampo... não, a tampinha... ah, sei lá. Não dá pra escolher. É como decidir entre queijo e goiabada. São duas coisas diferentes, e prefiro as duas juntas. Vou guardar aqui nesta gaveta. Vê se não inventa de querer guardar. Aí é que eu não vou achar nunca mais.

sábado, 19 de maio de 2007

JUNINHO E A PIPA

-Ele mereceu ! - Disse em voz alta e clara. Ainda não sabia as conseqüências de seu ato, os automóveis que estavam a sua volta davam marcha-a-ré e fugiam pela calçada, alguns investiam na contra mão. Não conhecia o motorista que acabara de balear, mas tinha certeza de tratar-se de um cínico, um grande cínico! Ele era o culpado, vinha provocando-o a várias quadras com sua buzina estúpida. Quando de seu carro olhou para trás, pedindo explicação o que viu? Um sorriso, os braços com as mãos espalmadas para cima e uma cara cínica! Safada! Quando o sinal abriu e saíram, seria ele tão cego que não viu o outro carro ao lado que o impedia de dar passagem? Novamente, sinal vermelho e... bi! bi!! Puxou o “38” que sempre carregava consigo e saíu. Nem escutou o que ele tinha a dizer mas gritou todos os palavrões que conhecia. Quando achou que a lição estava dada e virou para retornar ao carro...bi bi!! Não sabe quantas vezes apertou o gatilho, foi a única maneira de extravasar a ira que sentia.
Não longe dali, Juninho, com a pipa na mão, aguardava ansioso a volta do pai que tinha ido consertar a buzino do carro.
PRISÃO DE ABU GHRAIB


QUANDO TIVERES SIDO HUMILHADO,
MALTRATADO, CHUTADO, CUSPIDO,
VIOLADO, ARRASTADO, COMIDO,
DOMINADO, FERIDO.
QUANDO TEU ASPECTO BESTIAL APARVALHADO
AINDA FOR DESFIGURADO,
E PENSARES QUE NADA MAIS
PODE TE SER TIRADO,
ESTARÁS ENGANADO.
POR TRÁS DO CAPUZ, PERCEBERÁS UMA LUZ
TIRANDO, À REVELIA
A TUA FOTOGRAFIA !


Pado Levy

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Quem vê cara...


“Nossa!!! Que bunda! Que corpinho! Parece gatinha... Não acredito. Só pode ser feia. Essa hora da manhã? Se bem que Deus, na sua infinita bondade, poderia me dar esse presente, né? Vou apertar o passo. Vamos ver... vamos ver... vamos ver... alá! Eu sabia. Feia! É sempre assim.”

“Vivo esperando e procurando um trevo no meu jardim... quatro fol...”
- Pois não, senhor?
- Ah! Até que enfim! Um mocamix e um croissant de presunto e queijo.
- Mocamix e um croassant...
- Isso.
- Sete e cinqüenta.
- Débito.
- Ih, a máquina ta quebrada. O visa não ta passando.
- Bom, e...?
- E o quê?
- E agora? O que é que eu faço?
- Só dinheiro ou cheque.
- Mas eu não tenho cheque.
- Então só dinheiro, senhor.
- Quer dizer que se eu não tiver dinheiro aqui comigo agora, eu vou ficar sem tomar café?
- Infelizmente, senhor. Eu não posso fazer nada.
- A sua sorte é que eu tenho aqui... toma! Cinco... sete... sete e vinte e cinco... e cinqüenta.
- É só aguardar na mesa que eu já levo.
“Pra que serve essa merda de cartão se não funciona? Ainda bem que eu tinha um dinheiro, senão ia ficar muito puto. Caramba! Sete e meia, já. Hoje eu tenho que ligar pro amigo do tio da Renata. Ta pegando mal. Eu devia ter ligado pra ele semana passada. Vou sentar nessa mesinha aqui no canto... mas que... nossa, como eu odeio isso! Os caras deviam trocar essas cadeiras e essa mesa também. Além de feias, não dá nem pra sentar direito longe assim. Pra quê parafusar tudo no chão. Eu devia montar um café. Garanto que ia ser bem mais bonito. Se bem que parece que as pessoas só gostam de coisa ruim, mesmo... foda-se! ...Vivo esperando e procurando... que demora! Vou encostar a cabeça aqui atrás um pouco. Se essa cadeira, pelo menos, tivesse encosto... vivo esperando e procurando um trevo... zzzzzz... Caralho! Dormi aqui. Meu mocamix... que horas são? Ufa! Sete e trinta e um... foi só um cochilo. Como é que eu não acordei com a moça trazendo o meu pedido... hummm... esse mocamix é foda... vivo esperando e procurando um trevo no meu jardim...
- Obrigado!
- Obrigada. Volte sempre.
“Que vergonha dormir no Mac, na frente de todo mundo. Eu podia até ter me queimado com o mocamix. Aliás, eu podia mesmo ter me queimado com aquela porra. Não. Eu vou voltar lá agora. Ta louco. Que irresponsabilidade...”
- Ô moça! Como é que você vê que eu to dormindo, e assim mesmo põe o troço quente em cima da mesa. Saiba que eu podia ter me queimado.
- Hã?
- Você deixou o mocamix quente na mesa quando eu tava dormindo.
- Ué, mas o senhor me pediu pra deixar lá.
- Ah, não vem com essa não. Eu tava dormindo e você viu muito bem.
- O senhor ta dizendo que eu quis te queimar, sendo que eu falei: “senhor, o seu pedido” e o senhor respondeu; “Deixa aí que eu pego”. Que que é isso? Eu pus, ué. Não to doida ainda não.
- Ah, ta bom então. Eu sou sonâmbulo agora. É isso? E o amigo do pai da Renata? Vai dizer que eu não tenho que ligar pra ele?
- Ô Rita! Esse homem ta maluco. Eu vou chamar o seu Roberto.
- É por isso que esse país não vai pra frente, ta entendendo? Essas cadeiras grudadas no chão... vá à merda! Palhaçada! A gente nasce, cresce, amadurece, pra quê? Pra ser queimado com um mocamix por uma irresponsável qualquer. É brincadeira! Vou é enfiar um processo na fuça de vocês. É isso mesmo. E quer saber? O croissant tava mais ou menos e o mocamix não tava nem moca, nem mix.
- Mas você nem sequer encostou um dedo no seu pedido!
- Não quero saber. Falei e ta falado. Agora eu vou embora que eu não tenho que agüentar isso. Eu sou cliente e você sabe que eu tenho razão, mocinha.
- Já vai tarde, meu filho. Não to nem aí.
- Ta falando com quem, Lia?
- Ce não viu não, Rita? O cara pediu um mocamix e um croissant, fez um escândalo porque acha que eu quis queimar ele de propósito e não comeu nem tomou nada. Folgado! Que é que eu faço com isso agora, heim?
- Ta louca, Lia? A gente nem abriu ainda, esse copo ta vazio e isso aí não é um croissant. É o seu tênis.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Eu tento


Vestindo um casaco muito quente para o pouco frio que fazia naquela manhã, subi a escadaria da consolação irritado. Meu pecoço, de tão suado, parecia uma tampa de panela de arroz (se bem que eu não via meu próprio pescoço), mas era só tirar o casaco pra perceber que o pouco frio que fazia me irritava ainda mais.
Muitas pessoas cruzavam a minha frente como se estivessem com o propósito de me atrasar mais do que eu já estava, desde o falso ceguinho (me engana que eu gosto ou tá escrito bobo na minha testa e tonto nas minhas costas) até a velha cheia de sacolas cheias de mais sacolas. Como se não bastasse, ao sair para a rua, tive ímpetos de esmurrar um sujeito magrela e careca vestido de monge que queria me empurrar um livreto com "o segredo de uma vida vivida em harmonia com o universo a sua volta" ou coisa parecida. Mas consegui me segurar.
Respirei fundo, fechei os olhos e tentei buscar alguma melodia pra me acalmar os nervos.
Depois de passar por "Envelheço na cidade" do "Ira" (refutada por motivos óbvios) e "Vida" do "Fábio Jr." (sem comentários), finalmente algo que valia a pena: When you´re smiling" com "Dean Martin". Me pareceu que era tudo o que eu precisava naquele momento pra ser feliz. Quase que recuo uns cem metros e começo a cantar praquele aprendiz de Buda. Mais uma vez, me contive.
E foi cantarolando essa música que decidi não embarcar na merda do ônibus lotado, não discutir com o taxista que não quis aceitar meu cheque, engolir pacientemente a esfiha fria de 2 pilas, seguir a pé para o trabalho (aliás, é importante frisar que eu abri os olhos logo depois que os fechei, afinal, não conseguiria fazer tudo isso às escuras), cumprimentar todos aqueles a quem eu vejo mais que minha mulher, entrar às pressas no banheiro, sentar no trono e notar tardiamente que faltava papel.

"When you´re smiling
When you´re smiling
The hole world smiles with you..."

Desaborrecimento

Tia Zulmira, personagem do grande Stanislaw Ponte Preta, uma vez falava sobe coisas que você não percebe mas que aborrecem. Você não nota mas quando cai em si, já está aborrecido. A sábia macróbia (na definição do seu autor) citou vários exemplos entre eles esta pérola: velha de lambreta! Na mosca, isso aborrece mesmo...

Pegando carona na sabedoria de Tia Zulmira, proponho que há coisas que tem o efeito oposto, coisas que desaborrecem. Exemplos abundam - pôr do sol entre as ilhas do Montão e dos Gatos, gaitinha do amolador de facas, cheiro de padaria, banho de banheira - enfim cada um tem sua lista.

Estou fazendo este longo preâmbulo porque descobri que uma das coisas que tem me desaborrecido é uma japinha de scooter! Todos os dias, às 8:30 da manhã, sobe a rua Wizard, uma japinha toda de preto em sua Suzuki amarela, com um enorme sorriso no rosto. É um relance, que eu vejo quando cruzo com ela, descendo a Wizard em direção ao escritório. Pode ser que não seja um sorriso genuíno, talvez seja só um esgar, uma reação ao ar friozinho da manhã, mas não importa, prefiro continuar com a minha impressão e deixá-la continuar sendo um eficaz desaborrecedor. Afinal, em São Paulo, essas coisas não aparecem em qualquer canto.



Solidariedade

Uma imagem vale mil palavras...

Pilulas de Aborrecimento


É nos detalhes que mora a sordidez.
Não existe mais lata de lixo no metrô.
Nas estações elas ficam nos andares superiores onde nenhuma bomba prejudicaria os horários dos trens.
Não que eu tenha saudade de quando o leiteiro deixava a garrafa de vidro na porta de casa e ninguém roubava.
Mas eu tenho saudade do tempo em que eu podia jogar meus papéis no lixo antes de entrar no vagão do metrô.

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Filho da puta que vende melancia no seu caminhão às 10 da matina.
Tem de 3, tem de 4 e tem de R$ 5,00. Pode chegar senhora.

Nivel de aborrecimento: 7.5 na escala Milton.

Tiro de bazuca no caminhão...
Silêncio.

Nivel de Aborrecimento cai para 1,5.
Pelo trabalho de puxar o gatilho.

domingo, 13 de maio de 2007

Já que estamos numa maré de poesia...

Olha só o que a prima da Vanessa, a Natália, me trouxe.
Esse cara chamado Rafael Alberti, poeta espanhol da chamada "geração de 27", previu o nosso blog no começo do século passado.
Depois tem gente que não acredita em destino...

EL ABURRIMIENTO
(Rafael Alberti)

Me aburro.
Me aburro.
Me aburro.
¡Cómo en Roma me aburro!
Más que nunca me aburro.
Estoy muy aburrido.
¡Qué aburrido estoy!
Quiero decir de todas las maneras
lo aburrido que estoy.
Todos ven en mi cara mi gran aburrimiento.

Innegable, señor.
Es indisimulable.
¿Está usted aburrido?
Me parece que está usted aburrido.
Dígame, ¿adónde va tan aburrido?
¿Que usted va a las iglesias con ese aburrimiento?
No es posible, señor; que vaya a las iglesias
con ese aburrimiento.
¿Que a los museos -dice- siendo tan aburrido?
¿Quién no siente en mi andar lo aburrido que estoy?
¡Qué aire de aburrimiento!
A la legua se ve su gran aburrimiento.
Mi gran aburrimiento.
Lo aburrido que estoy.
Y sin embargo... ¡Oooh!
He pisado una caca...
Acabo de pisar -¡Santo Dios!- una caca...
Dicen que trae suerte el pisar una caca...
Que trae mucha suerte el pisar una caca...
¿Suerte, señores, suerte?
¿La suerte... la... la suerte?
Estoy pegado al suelo.
No puedo caminar.
Ahora sí que ya nunca volveré a caminar.
Me aburro, ay, me aburro.
Más que nunca me aburro.
Muero de aburrimiento.
No hablo más...
Me morí.

sábado, 12 de maio de 2007

Pura loucura

Cisco no olho
Rabisco
Caolho...

... AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!

Alguém pode me ajudar?

Luzazul

Azul
Vejo
Azulejo
Rearranjo
Realejo

Aleijadinho
Menino da tábua
Grunhido de tuba
Peppino di Capri
Tomate de crepe

Vermelho sangue
No azulejo
Vejo
Luz.

Santa Cidade, Sua Santidade

São Paulo,
Só caule.
Ausência de copa,
Essência de coca.

Barra Funda
Profunda
Profana
Profeta
Afeto

Exame de toque
Sem óleo
Sem-teto

Jabaquara
Arara
A vara
E o reto.

A poesia e a paisagem

Celtas saltam de pára-quedas...
Alfa.
Beta.
Gama.
Balões em chama,
Enxame,
Enxada,
Buraco na terra arada...
Mais nada.

Vícios



Mimeógrafo... Alguém aí lembra do cheiro de folha recém mimeografada nas aulas de Artes? Eu tinha um amigo que traficava folha recem saída de mimeógrafos. Hoje ele vende Taperware.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Finais Espetaculares de Piadas - Homenagem













Aí a freira disse:
-Ratzinger!
E o papa, distraído respondeu:
-Saúde.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Manchete


"ENCONTRADA A DISLEXIA DA CURA"





Extraído de "Naked Gun"

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Mangabeira: Uma Luz nas Trevas da Pátria

Unger (à esquerda): ungido pelo presidente Didi Mocó


Vocês, espíritos de porco que vivem esculhambando o governo do presidente Didi Mocó, vão ter que se emendar.

Para quem não vê o menor sentido na criação da tal Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo, para abrigar Roberto Mangabeira Unger (aquele que, tempos atrás, equivocadamente, disse que o presidente era ladrão, vagaba e analfa), reproduzo um trecho da entrevista esclarecedora publicada na Folha de hoje, na qual o professor Mangabeira, quadro do PRB, partido da Universal do Reino de Deus, deixa muito claro qual a função da nova secretaria (maldosamente apelidada pelo Reinaldo Azevedo de SEALOPRA).

FOLHA - O que fará a Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo?

MANGABEIRA - Temos de dar instrumentos à energia dispersa e frustrada do país. Em economia, um país da inovação, em educação, um ensino capacitador e, em política, uma democracia mudancista de alta energia que, sem transigir em nada de garantias constitucionais e sem enfraquecer a democracia representativa, comece pouco a pouco com grande cuidado a enriquecê-la com elementos de participação nos processos decisórios.

Entenderam? É de gente assim que esse Brasilsão de meu Deus tá precisando, gente! Agora vai, aaah vai...

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Post Mortem

Luigi (à esquerda): aulas de metafísica antes de encarar o firmamento


Cês podem não acreditar, mas, certa vez eu morri e fui pro céu. Cheguei lá vestido de summer e dançando assim, ó.

Padices do Pado

Meu velho amigo Pado, vulgarmente conhecido como Flávio Levy, há muito deveria fazer parte dos colaboradores desta casa. Mas por motivos sobrenaturais, que me escapam, o Filipe ainda não o incluiu no blogue. Anti-semitismo? Que eu saiba não, mas vai saber...

De todo modo, nosso querido Pado (é, “dopado”, o trocadilho é do próprio) me envia com freqüência suas quadrinhas preciosas. Divido aqui com os leitores do Só Aborrecimento (incluindo aquele romeno que nos visita sempre) uma pequena seleção delas, que escolhi aleatoriamente. Enjoy.

HENRY SOBEL

FICA SEM AR O RABINO
NA GARGANTA UM GRANDE NÓ,
GRAVATAS DO FIGURINO
NO BOLSO DO POLETÓ!

EM BALADA

DE BANDIDO OU DE BANDIDA
NÃO IMPORTA DE ONDE VEM,
PARA MIM, BALA PERDIDA,
É A QUE NÃO ACHOU NINGUÉM

MARINA MORENA

MINHA MORENA MARINA
EU ACHO QUE É DE BOM TOM
VER-TE ASSIM, GENUÍNA
VESTIDA SÓ DE BATOM !

MARINA E HELIO

PARTIRAM EM LUA DE MEL
NUM LINDO BALÃO LILÁS,
MARINA SUBIU AO CÉU
COM HÉLIO CHEIO DE GÁS !

JUNITI SAITO

COM ESTA ONDA DE APAGÃO
COMISSÁRIA OU PASSAGEIRO,
TODOS TREMEM NO AVIÃO
SE O CÉU É DE BRIGADEIRO
Em tempo: já teve um soneto dele por aqui. Vale a pena reler.

Ivan Lessa na Piauí desse mês

Caso alguém não tenha percebido, Ivan Lessa está de volta na Piauí desse mês, com um artigo longo que traz uma revelação extraordinária.

Segundo Ivan, o responsável pela recente morte do Capitão América foi o intelectual esquerdofrênico da Academie Française e semiólogo-estruturalista-desconstrutivista Jean Baudrillard.

Baudrillard, em seu desesperado ódio pelos Estados Unidos, teria matado a sangue frio o grande herói da Marvel Comics, e, logo a seguir, cometido suicídio, por não suportar mais viver sem a sombra do grande defensor dos ideais americanos.

O que levou Ivan a concluir isso foi o fato do gibi com a inusitada morte do Capitão América ter chagado às bancas no mesmo dia em que Baudrillard cometeu suicídio.

O mais curioso disso é que a morte do Capitão América ganhou destaque principal nos cadernos de cultura do mundo inteiro.

Já o suicídio de Baudrillard, passou quase despercebido.

Bem feito. Deus castiga.

Quem sou eu? Quem Eu? Ou Eu?

Acabei de olhar o perfil do Vitor (meu irmão Taturana) no Orkut e não resisti.
Vou ter que postá-lo aqui, mesmo correndo o risco de parecer um baba-ovo ordinário.
Já que ele, apesar do ótimo texto, resolveu abandonar o Blog, eu achei que seria uma boa.
E eu sei que vocês vão concordar comigo que esta descrição é digna deste blog:



(o titulo desse post foi inspirado num "Quem sou eu" antigo do Marquito Trielli)