sexta-feira, 27 de abril de 2007

Retrospectiva So Aborrecimento - Análise do Texto "Hoje é Domingo"

HOJE É DOMINGO
(Autor Desconhecido)

Hoje é domingo
Pede cachimbo (ou pé-de-cachimbo?)
Cachimbo é de barro
Bate no jarro
Jarro é de ouro
Bate no touro
Touro é valente
Bate na gente
Gente é fraco
Cai no buraco
Buraco é fundo
Acabou-se o Mundo

Acima: Sunday Bloody Sundae -
obra do confeiteiro modernista
que inspirou o autor do texto


Antes de falar de uma obra tão rica, é importante que conheçamos o autor que, como o ponto G e a mente feminina, continua desconhecido.

Autor Desconhecido nasceu há muito tempo e deve ter vivido muito. Seus vários estilos confundem os historiadores e estudiosos de literatura. Existem correntes que afirmam que ele era mais de uma pessoa, outras afirmam que isso só pode ser coisa de espírito.

Realmente, Autor Desconhecido tem em sua obra desde poemas do séc XIV a Hai-Kais modernos. De textos filosóficos a para-choques de caminhão. Pinturas, gravuras, canções, cantigas-de-roda, textos imbecis de internet e frases de efeito.

Recentemente, chegou a receber 2 milhões de dolares por um de seus livros, como vcs podem comprovar aqui .

Enfim, como vcs podem ver, Autor Desconhecido, é um artista completo e hoje vamos analisar um dos seus mais antológicos textos "Hoje é Domingo". Vamos a ele!

“Hoje é domingo”. Claramente uma referência a obra de outro autor muito famoso, que teria descansado neste dia depois de ter feito alguma cagada que eu não lembro bem qual é. O importante é que aqui Autor nos coloca diante de um dilema, especialmente se vocé o lê em uma quarta-feira de cinzas de ceroula no escuro.

A sequencia polemica “Pede cachimbo” é uma referência clara ao saci-pererê, ou ao Marcelo D2. De qualquer forma, demonstra a visão do autor em relação ao tabaco e os males do fumo na sociedade moderna.

Se nós interpretarmos como Pé-de-Cachimbo, muda tudo. Então podemos ver uma veia surrealista no autor em uma mistura de Salvador Dali e Rene Magrite. Na verdade o texto original era “Isto nao é um Pé de Cachimbo”, clara alusão a obra de Magrite “ceci n'est pas une pipe”, que ficou famosa porque não era um quadro. Aliás, Magrite não era um pintor e sim balconista da primeira rede de fast food do mundo.

Outra interpretação é que talvez o filho da puta não tenha achado uma boa rima pra domingo. Como podemos ver, ele realmente não achou.

“Cachimbo é de jarro, bate no Jarro
Jarro é de ouro, bate no touro”

Aqui o autor apela para a violência, pois já devia estar de saco cheio de ficar escrevendo.

O cachimbo, símbolo da paz, usa da força bruta para com o jarro de ouro, símbolo da riqueza no mundo, porque, convenhamos, pra ter um jarro de ouro, vai tomar no cú, o cara tem que ser podre de rico (e viadinho). E o Touro? Vai ver a mulher dele onde é que tá? Quem tinha que estar apanhando era ela.

“Touro é valente, bate na gente”

É valente. Mas é corno.

“Gente é fraco, cai no buraco.
Buraco é fundo acabou-se o mundo”

Isso mostra o lado profético do nosso querido Autor Desconhecido. Ele previu em duas frases, mais do que Nostradamus durante toda sua vida. Aí ele já coloca, sintéticamente a ascensão e queda de Hitler, o Ataque das Torres Gêmeas, o Sadam Hussein, o Osama Bin Laden, o George Bush, o KLB, os gestos da Maria Rita e o advento da horrenda Pipoca Cor-de-Rosa de sinal.

A Cidade e Eu (ou carta pro Armandinho)


Querido amigo,

Venho por meio dessas bem traçadas linhas (pois quem faz a diagramação não sou eu e sim o meu Word) pedir humildes desculpas.
Como você pode ver, são mais de três da manhã e ainda me encontro no trabalho.
Essas últimas quatro semanas, andei trabalhando como um mouro.
Pois, querido manduca, soube que você esteve em sampa e me procurou. Mas não recebi seus recados a tempo. No dia em que você ligou, eu estive em reuniões o dia inteiro e a coitada da mocinha que dá recados mal conseguiu falar comigo, mesmo três dias depois da sua ligação.
Armando, foi essa cidade, não o amor, que comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte. Veja só como é triste essa cidade, não deixa nem o amor fazer seu trabalho em paz. E assim eu vivo com saudade dos meus amigos, dos meus irmãos, da minha família (sabe lá o que é ficar muito tempo longe da comida da vó Neide?)
Mas o meu condomínio está em dia.

Não pense que eu estou infeliz. Essa maré de trabalho pesado faz parte do meu tipo de trabalho. Ano passado fiquei meses jogando videogueime e tomando cafezinho. Agora a correnteza trouxe uns peixinhos. É hora da pescaria. Quando a maré baixar, quem sabe a gente se vê. Enquanto isso, a gente vai se falando pelo mundo virtual.
Agora tenho que ir. Estou fazendo um djingol que fala das belezas e maravilhas de São Paulo. Não é irônico?
Você (meu pai e alguns amigos dele também) me ensinou a não levar a vida tão a sério. Mas acho que no meu sangue tem muito Terra pra pouco Cambará.
Mas um dia eu desaprendo.
Pra não acabar com viadagem: vai tomar no cú.
Abraço por trás,
Filipe

Combinações

Imagine essa combinação: Beatles com Monty Python.
Pois ela existe e foi feita por Eric Idle (um dos Pythons) em 1978. Os Rutles começaram como um sketch no programa de tv de Eric para a BBC e viraram um mockumentário produzido por ninguém menos que George Harrison chamado "All you need is Cash".
O que os ingleses são ruins de culinária eles compensam no humor e na música, que no caso dos Beatles e dos Pythons, já se misturavam antes dessa união.
Uma das coisas divertidas nisso é o fato de George ser um Indianinho. É o tipo de humor que só os fãs dos Beatles vão pescar. Ainda assim, se você tirar o humor dos Rutles, suas músicas continuam sensacionais. Tanto que mereceram até um disco de tributos lancado em 1990.
Neil Innes é o grande músico dessa turma. Neil (que faz o papel de Ron Nasty, que nos Beatles seria John Lennon) era integrante de uma banda chamada The Bonzo Dog Band (também conhecida como The Bonzo Dog Doo-Dah Band, The Bonzo Dog Dada Band e, coloquialmente, como "The Bonzos"). É dele a autoria da maioria das cançoes dos Rutles.

Quando eu descobri os Rutles, fiquei absolutamente maravilhado, mas o programa que eu tinha gravado no Multishow (nos remotos tempos em que a tv a cabo ainda nem tinha comercial) foi perdido e eu nunca mais o vi.
Agora, graças à santa misericordiosa Internet, pude rever e ter novamente os Rutles.

Agora só falta a gente conseguir misturar "A Noviça Rebelde" com o Strogonoff do meu pai.
Aí eu conquistarei o céu.



Quem se interessou, vale dar uma olhada na wikipedia

domingo, 22 de abril de 2007

Taturanas: Pinguim, este desconhecido


Mais uma premix de uma canção taturânica. Dessa vez uma composição de Maurício Pereira, um clássico da música de protesto contra o aquecimento global.
Nessa versão temos:
Lucas Espósito no baixo,
Cristiano Lima na batera e nas percussões,
Filipe Taturana na programação, guitarras, violão e Voz,
Luigi Taturana Pai no violão e Voz e
Leonardo Taturana e Vitor Taturana também cantando.

chuta lá:
Pinguim



Músicas postadas anteriormentei:
Alma Não Tem Cor
Vou Pular
Padaria


Como Baixar no Rapidshare?

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Comida dos astros

terça-feira, 17 de abril de 2007

Wikipédia de curréoula


Wikipédia já era.
ISSO sim é uma enciclopédia virtual de verdade.
Tem muita coisa ruim, mas tem uns lances legais.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

“O Cheiro Do Ralo” é só aborrecimento.


Existe uma tradição de mais de 50 anos no cinema paulista em seguir sempre na contramão do cinema produzido no resto do Brasil.

Começou com a patética aventura megalômana do Vera Cruz.

Prosseguiu com os primeiros filmes de Walter Hugo Khouri, realizados nos anos 60.

Khouri tinha a "mania feia" de se "inspirar" em dramas franceses e suecos para tentar achar o tom de seus próprios filmes, mas sintomaticamente só conseguia realizar “filmes alemães ruins”.

Mais tarde, já nos anos 70 e 80, em plena era da pornochanchada, Khouri procurou manter o mesmo tom em seus filmes, e ainda recheá-los com as mais exuberantes mulheres nuas da época. Ficou na mesma. Continuou fazendo “filmes alemães ruins”. Até morrer.

Mais adiante, no início dos anos 80, a dupla José Antonio Garcia e Ícaro Martins tentou promover uma reviravolta no cinema paulista, com “O Olho Mágico do Amor”, mas tudo o que conseguiram foi revitalizar o mercado paulistano de “filmes alemães ruins”. Ainda assim, por pouco tempo. A empreitada, óbvio, murchou rapidamente.

De lá para cá, de tempos em tempos, sempre aparece um novo “filme alemão ruim” produzido em São Paulo -- coisas como “Maldita Coincidência”, de Sérgio Bianchi, ou “Durval Discos”, de Ana Muylaert.

E, por incrível que pareça, até hoje ainda tem gente que comemora o surgimento de filmes assim..

O caso é que pouquíssimos diretores paulistanos conseguiram escapar dessa sina maldita.

Ozualdo Candeias e Carlos Reichenbach, por exemplo, até que fizeram alguns “filmes alemães”, mas alguma coisa saiu errado e o resultado final deles foi muito bom. André Klotzel e Chico Botelho também "falharam", e acertaram na mosca em "Marvada Carne" e "Cidade Oculta".

O único diretor paulista que sempre se recusou a fazer “filmes alemães” foi o saudoso Roberto Santos. Quem viu “Os Amantes da Chuva” sabe do que estou falando. Parece filme francês, de tão bom que é.
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Mas o motivo deste artigo é um embuste cinematográfico chamado “O Cheiro do Ralo”.

Baseado num romance que tem a “envergadura" de uma graphic novel, “O Cheiro do Ralo” está na "boca do povo" não por merecimento, mas graças ao esforço de algumas Assessorias de Imprensa de São Paulo que parecem empenhadas em transformar um mentecapto perigosíssimo chamado Lourenço Mutarelli num grande escritor pop e (ou) herói cult – o que vier primeiro.

O personagem principal do filme se chama Lourenço, como o autor. É um negociante de tranqueiras que recebe diariamente a visita de pessoas muito estranhas vendendo seus pertences, que ele sempre procura comprar pelo menor preço possível. O tédio profissional, unido ao tédio pessoal e afetivo, mais o cheiro de esgoto que emana do ralo do banheiro, acabam por levar o personagem (interpretado por Selton Mello) a enlouquecer gradativamente.

Selton Mello tenta incorporar toques de humor ao filme, conjugando a avareza e a frieza de seu personagem com arremedos de loucura pretensamente engraçados. Mas sempre que faz isso, perde o rumo do personagem, que fica leve demais. Pior: em seguida volta a pegar pesado com o personagem, por exigência do roteiro, e sempre acaba errando o tom. Quem perde com isso é o filme, claro.

Verdade seja dita: um intérprete menos metido a engraçadinho teria obtido resultados muito melhores no papel de Lourenço. Mas, como Selton Mello é também um dos produtores do filme, ele fez o que quis, e ninguém deve ter dito coisa alguma para não contrariá-lo...

Tecnicamente falando, é um filme correto. Tem uma ótima trilha sonora (do grupo Apollo 8). Tem atuações satisfatórias de todo o elenco. Foi praticamente todo rodado em estúdio, em quatro cenários diferentes, e editado com interrupções abruptas nas cenas, o que o torna bastante irritante depois da primeira meia hora.

Mas daí a dizer que “O Cheiro do Ralo” é um bom filme são outros quinhentos.

É, na verdade, apenas mais um “filme alemão ruim”, como tantos outros vindos de Sâo Paulo nos ultimos 40 anos. Segue o tom moralista e fatalista das graphic novels, é cheio de reviravoltas que levam sempre a lugar algum, e é muito, muito chato. Só vai agradar mesmo quem ainda aguenta os filmes de Lars Von Trier. Nâo é o meu caso. Se também não for o seu, já sabe o que fazer...

Eu confesso que sorri aliviado quando, ao sair do cinema, vi o belo poster do filme novo de Phillipe Barcinski – com Rodrigo Santoro e Letícia Sabatella -- no corredor.

Foi como um sopro de vida na minha mente, depois de quase 2 horas intermináveis de “O Cheiro do Ralo”.

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O CHEIRO DO RALO
Cotação: 5 graus Milton

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Para poucos

Dia desses távamos eu e Leão indo para minha casa pela avenida dos Bandeirantes quando vimos um troço gigante no meio da pista e tomamos um puta susto. “Que isso?”, gritou ele. Segundos depois, reconhecendo o objeto, suspirou aliviado “Ufa, pensei que fosse um avião, mas era só uma lancha”.
Esse episódio ilustra o comércio da avenida dos Bandeirantes. Em São Paulo é comum vermos ruas ou bairros especializados em um nicho específico de produtos: roupas, têxteis, eletrônicos, muambas, etc. Pois a avenida dos Bandeirantes é a que concentra todas as lojas que não poderiam existir em mais nenhum lugar – as lojas rejeitadas.
Como o Só Aborrecimento também presta serviço aos seus leitores eu aproveitei o delicioso trânsito dessa manhã ao longo dessa avenida e, além de me deleitar com sua paisagem agradável, resolvi fazer uma relação de todos os estabelecimentos comerciais que possam interessar. Enjoy.

Weekend
Praia é legal, mas muito pobrinho, né? Aquela gente chupando picolé, comendo milho, tomando raspadinha e espremendo a espinha do marido não dá! Quando levam os treze filhos com nomes começado em “Val”, então, fudeu! E se você tenta mudar para uma praia, digamos, mais nobre, aparece um playboy filho da puta de sunga BRANCA jogando frescobol com raquetadas que representam perigo de morte. Sabe do que você precisa? De lanchas e Iates da Weekend! Aproveite, porque eles entregam em casa.

SunFun
O Iate ficou muito caro? Fala a verdade, cê come espiga de milho na Cidade Ocean, né? Bom, no seu caso, meu caro, restam os Jetskis da SunFun. Eles parcelam, tá?

Adventure
Ah, você não faz o gênero “sol, praia, mar, paquera e curtição”? Tudo bem, aqui você encontra traillers de todos os tamanhos para comprar ou alugar. Vai lá fazer sua viagem para o pantanal com tambores, xequerês e o Geraldo Vandré em alto volume, vai.

Heraclitus
Prefere investir em casa? Legal, vai lá fora e dá uma olhada no teu jardim. Tem aquelas orquídeas murchas, umas samambaias amareladas e montes de marias-sem-vergonha, né? Jardim dá um trabaaaaalho. Pra se livrar dele, compre artigos decorativos de jardim. Mas não me venha com aquela decoração de mau gosto que dá vontade de vomitar. Aqui tem chafarizes de todos os tamanhos e cores, réplicas do cristo redentor e colunas gregas que podem ser usadas até dentro de casa! Seja descolado, cara.

Happy Family
Aproveite também e compre aqui uma unidade móvel de playground com balança, escorregador, gangorra, trepa-trepa e castelo da bruxa.

Shuá
Já que enfiou o pé na jaca, que tal piscinas de fibra de vidro em formato de feijão? A instalação é paga à parte, você pode tentar se aventurar pra instalar sozinho em casa.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

HOMENAGEM


O Blog comunitário Só Aborrecimento gostaria de homenagear
Fabio Borges pela enorme contribuição que fez a musica brasileira e mundial.
Obrigado, Fábio.
Nós não esqueceremos de você.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Finais espetaculares de piadas


Aí o rabino falou:
-Gravata? Achei que eram ovos de Pessach.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Chupa, Luigi

Retirado da Wikipedia.

Os Eventos da Páscoa Cristã na Cronologia Judaica
A Páscoa e o Pessach são eventos diferentes que não devem ser confundidos. Assumir o nome de Páscoa, que seria a tradução original de Pessach, para os eventos da Páscoa cristã, é algo razoavelmente confuso, que pode ter sido feito intencionalmente com a finalidade de substituir um grande evento da religião judaica por outro grande evento da religião católica.
O que acontece é que a morte de Cristo acontece em 14 de Nissã, dia do início de Pessach. A última ceia de Cristo teria sido um Seder de Pessach.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Para quem ainda não perdeu a fé no Rock & Roll


Roberto Jefferson cantou mesmo no Miss Brasil, no Teatro Nacional, em Brasília, no último dia 4 de Abril.

E com isso, a maior crise da República brasileira em todos os tempos terminou em chanchada.

Dona Marisa estava presente à festa. Só faltou mesmo o Zé Lewgoy e o Wilson Grey.

Devaneios de uma noite de verão

Leopoldo e Natasha eram namorados. Partilhavam daquele amor juvenil dos vinte anos, leve, bem humorado, sonhador, idealista. Tinham planos de casamento, se davam bem, juntavam dinheiro. Riam juntos, de si mesmos e do resto do mundo. Certo dia, numa lanchonete, depois de gargalharem do cacoete do garçom, ela saiu apressada. Saiu e não viu o carro. O motorista também não a viu. Ainda bem que ela atravessou a rua antes de ele passar. Mas o motoqueiro que veio depois perdeu o controle, subiu na calçada e a acertou em cheio. Faleceu três horas depois, na UTI do hospital Albert Einstein. Leopoldo ficou desolado e fez de tudo para esquecê-la.
Cética que era, Natasha mal podia acreditar que tinha ido parar no céu. Viu anjinhos, duendes, parentes falecidos, Sócrates e o Jonh Lennon. Deus não pôde recebê-la porque estava se recuperando de uma cirurgia de extração do dente do siso. “Finalmente Ele tomou juízo”, pensou ela. Depois de se esbaldar fazendo coisas que eram impossíveis quando estava viva – dar mais de 12 pulos num pula-pula, dar uma estrela seguida de um duplo twist carpado, tocar flauta transversal, lutar junto com o Jaspion contra o mal e fazer fogo rodando um galho com as mãos, como ela tinha lido que se fazia na idade da pedra – ela quis saber de Leopoldo. Descobriu que, se pensasse nele com toda a sua força, conseguia se transportar para o lugar onde ele estava, e lá foi ela. Passou os anos seguintes acompanhando a vida dele de perto e sempre o protegeu, da maneira que pôde. Assistiu o esforço que ele fez para superar sua morte, o viu melhorar de emprego, conhecer Tábata, apaixonar-se por ela e se casar. Apesar do ciúme daquela loira puta oxigenada, ela gostava de vê-lo feliz. Dez anos depois, o casamento já sofrera a habitual esfriada, Natasha notou que Tábata estava estranha e descobriu – eu até podia contar como ela descobriu, mas vamos ao que interessa – que ela arquitetava um plano para explodir um shopping! Pior, Leopoldo estaria lá! Sem saber como, Natasha conseguiu aparecer para Leopoldo e contou a ele o plano de sua esposa vilã. Os dois saíram correndo para impedir a tragédia. “Espera”, disse ele “preciso te dizer uma coisa”... silêncio... “ eu não deixei de pensar em você nenhum dia. Nunca deixei de te amar”. Apesar da irritação por ele dizer aquilo num momento absolutamente inconveniente – caralho, a mulher ia explodir o shopping, tinham que correr! – ela ficou tão feliz com a declaração de seu amado, se sentiu tão viva, que passou a ser vista pelas pessoas da rua. Chegando ao shopping, Natasha deu instruções para Leopoldo avisar a polícia e disse como deviam agir enquanto iria enfrentar Tábata. O encontro entre as rivais foi muito violento. Elas brigaram na lama e no gel de biquíni, quando a alça se rompeu e... “Sai, Leopoldo! Pára de inventar e me deixa contar a história!”. Bom, elas lutaram e Tábata, que estava vencendo a briga, já estava com o fósforo acesso se aproximando do pavio da dinamite. Nesse momento, Leopoldo chegou cercado de policiais. “Rápido, Leo, minha única chance de vencê-la é sumindo de novo! Faça alguma coisa para que eu te odeie, rápido!”. Vinte segundos depois e ele soltou um sonoro, demorado, quente e fedorento peido, e no mesmo instante ela desapareceu e impediu que Tábata explodisse o prédio.
“É, meu amigo”, disse Leopoldo a um dos policiais, “mulheres são chatas e homens são bobos...”

Nessa hora eu acordei! Alguém me ajuda a terminar essa história!

O Primeiro de Abril de Keith Richards


É impressionante como desabou o nível dos jornalistas de publicações musicais nos últimos anos.

Foi-se o tempo em que Chris Welch era o modelo do jornalista musical na Inglaterra, e Lester Bangs sua versão americana -- isso para não mencionar o expressivo time de "little hemingways" da revista Rolling Stone, com Cameron Crowe, Dave Marsh, Paul Nelson, Greil Marcus, Mikal Gilmore e Kurt Loder, entre outros.

Hoje o que temos é um bando de idiotinhas da objetividade, como essa repórter do New Musical Express, que foi escalada para entrevistar Keith Richards, e que conseguiu ser imbecil o suficiente para tentar se promover de forma sensacionalista em cima de uma declaração muito divertida dele -- de que teria cheirado as cinzas do pai, falecido em 2002, junto com muita cocaína, isso ao longo de várias semanas, e se sentindo extremamente rejuvenecido depois deste "tratamento".

Claro que o tiro saiu pela culatra, quase todos os setores da imprensa racharam de rir com a declaração de Keith, e a idiotinha da repórter foi tratada como uma suburbana ingênua sem um pingo de senso de humor -- ainda mais na Inglaterra, onde sempre se praticou o melhor humor do planeta, desde Bill Shakespeare até Sacha Baron Cohen (calma, Leão!).

Mas o mais tenebroso de tudo isso é o NME -- publicação com um histórico glorioso -- assumir uma postura editorial semelhante à de "The Sun" diante dos Rolling Stones, isso depois de tantos e tantos anos cobrindo -- sempre candidamente -- tournées dementes e completamente perdulárias -- às vezes até suicidas -- de Suas Magestades Satânicas.

Fica a sensação estranha de que o povo inglês, a cada ano que passa, fica mais americano. Mais calvinista. Mais sentimentalóide. Mais pragmático (no mau sentido do termo). E, o que é pior, disposto a abrir mão de uma bagagem cultural que levou algumas centenas de anos para ser construída.

Quem viu o filme "A Rainha", e se impressionou com a facilidade com que os assessores de Tony Blair manipularam as editorias dos tablóides londrinos, talvez não devesse se indignar tanto com essas coisas.

Mas, cá entre nós, é patético ver alguém querer difamar Keith Richards por alguma estrepolia que ele possa ter feito, quando na verdade ele sempre foi craque em se promover em cima de um folclore absolutamente demente, e a imprensa sempre deitou e rolou em cima de seu cotidiano de "fear and loathing".

Ontem (4 de Abril), foi necessário que um emissário dos Stones viesse a público educadamente para explicar que a declaração de Keith foi apenas uma brincadeira de Primeiro de Abril, nada além disso.

Em outras épocas, o próprio Keith convocaria a imprensa e diria algo bem menos delicado, como: "Oh boy, if you can´t take a bloody rock and roll joke, too fuckin´ bad!!!".

terça-feira, 3 de abril de 2007

Tadeu e Pereira (Os dois últimos fios) - Episódio I


- Pensa melhor, Tadeu. Dá um desconto. Daqui a pouco, tudo se resolve.
- Se resolve? Que nada! Acho que tudo se dissolve, isso sim. Eu não fico nem mais um segundo. Todo mundo já pulou fora. Eu vou também.
- Mas ainda há esperança. Esse couro é de um produtor musical.
- Pereira, Pereira. Acorda, Pereira! O cara trabalha com publicidade, fica puxando a gente toda vez que o prazo ta apertado, esqueceu? Além do mais, ta devendo 30 mil pilas. Daqui a pouco, vai começar a economizar xampu. E como é que a gente fica?
- Mas Tadeu, você não vê o outro lado? Ele tem bons amigos, uma família legal, uma mulher que o ama e faz aquele cafuné delícia. Tá lembrado? Hein? Hein?
- É... tá. Tem o cafuné delícia, eu admito.
- E a filha dele? lindinha com cachinhos pré-adolescentes com seu cachorrinho fofinho e peludinho e...
- Tá bom! Talvez o cara pare de se estressar à toa, mesmo. Tem tudo pra isso. Se é para o bem de todos e felicidade geral do couro, eu fico.
- Aê, Tadeu.
- Ele até parou na sombra pra comer. Vamos aproveitar pra se refrescar um pouco que esse sol ta de arder.
- Tadeeeeu. Tô começando a me arrepiar. Ele tá pondo o cachorrinho perto do portão e tem um cachorrão lá dentro. Alá! O que foi que eu disse? O cachorrão abocanhou o cachorrinho, meu Deus! Que cena horrível! Larga! Larga! A filhinha dele ta chorando desesperada. Meu deus! Meu deus! Largou, largou. Tadinho do cachorrinho, Tadeu. Agora, a gente precisa ficar pra dar apoio moral e... Tadeu? TADEU?